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Polêmica em clássico mostra que juiz bom em campo vale mais do que o VAR

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31/03/2019 09h38

A anulação do pênalti para o Palmeiras neste sábado (30), no empate sem gols com o São Paulo, confirma que o VAR não salva arbitragens ruins. Não está se dizendo aqui que Vinícius Furlan é um árbitro fraco, mas ele não foi bem no clássico pelas semifinais do Campeonato Paulista no Morumbi.

A partir do momento em que o juiz toma uma decisão errada, uma série de possibilidades se abre e a discussão pode ficar infinita. No caso específico do lance envolvendo Dudu, a primeira questão é se o VAR poderia interferir no lance. Poderia, já que ele deve entrar em ação em casos de pênaltis mal marcados. Mas, o árbitro assistente de vídeo não pode dar pitaco em lances interpretativos. E aí começa a discussão sem fim.

Entre os especialistas de arbitragem, existe uma forte corrente defendendo ser uma questão de interpretação se Reinaldo fez ou não pênalti em Dudu. Ou seja, o VAR não poderia ter sugerido ao árbitro rever o lance. Mas há quem pense diferente. O blog conversou com gente do meio da arbitragem, que pediu para não ser identificada, e que entende que o juiz deu a penalidade por ter visto empurrão de Reinaldo em Dudu. Por essa linha de raciocínio, o VAR ficou convicto de que não houve empurrão. Assim, entendeu existir um erro de Furlan. Por essa tese, se Dudu não foi empurrado não é uma questão de interpretação, mas, sim, de sugerir ao juiz que ele reveja o lance para notar que errou.

Só que o atacante palmeirense diz que não foi empurrado. Alega ter sido puxado pelo são-paulino. Mas e aí, o VAR interpretou que não existiu puxão? Se interpretou, errou. A discussão não acaba.

O VAR é necessário, precisa estar lá para tirar dúvidas. Porém, mais importante do que investir na parafernália voltada para ele, é trabalhar a qualificação dos árbitros. É preciso transformá-los em profissionais exclusivos das federações e da CBF para que tenham dedicação integral, mesmo que isso represente grande gasto para as entidades. Esse é o melhor caminho para que eles sejam mais bem preparados tecnicamente, fisicamente (tá cheio de juiz por aí com barriguinha) e emocionalmente.

Os jogadores, os mesmos que reclamam dos erros no apito, deveriam colaborar evitando se jogar e tentar levar vantagem sobre o árbitro o tempo inteiro. Acho engraçado, os atletas reclamam, mas ninguém fala: 'é, se a não tivesse simulação no lance o juiz não teria errado'.

Dirigentes de clubes e federações também precisam colaborar. Ou a pressão sobre quem apita partidas do Palmeiras ajuda em alguma coisa? O cara entre com um baita medo de errar. Só pode 'dar ruim'. A pressão se estende ao VAR. Daí ficamos anos discutindo a mesma jogada, apesar do olho eletrônico. Por tudo isso, mais vale um bom juiz em campo do que o VAR na sala.

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.