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Opinião: deficiências e Santos forçaram Corinthians a jogar na retranca

Perrone

09/04/2019 13h11

Na opinião deste blogueiro, o Corinthians jogou excessivamente na retranca na partida em que se classificou para a final do Paulista não porque Carille quis, mas porque o Santos explorou bem duas de suas deficiências e o encurralou na defesa.

Como de costume, o time de Sampaoli marcou bem a saída de bola do adversário. Sair jogando da defesa sob pressão é uma das dificuldades corintianas. Apertados, os alvinegros com frequência apelam para os chutões. Outra deficiência da equipe é a transição com velocidade para o ataque. As bolas estouradas muitas vezes não encontravam ninguém do time de Itaquera na frente. Quando encontravam, chegavam a um comandado de Carille isolado, já que seus companheiros não partiam para o ataque com a velocidade necessária. Assim, o corintiano com a bola não enxergava um colega próximo para fazer o passe. Assim, a tendência era a bola ficar com os santistas, que rapidamente voltavam ao ataque.

O posicionamento ofensivo do Santos fazia o Corinthians se encolher para preencher os espaços na defesa. E o ciclo se repetia. Dificuldade para sair jogando, perda de bola ou chutões sem endereço ou para um companheiro isolado e volta da equipe do litoral ao ataque. Dois lances ilustram esse cenário: uma perda de bola de Pedrinho na defesa que resultou em chance do Santos barrada por Cássio e um chutão de Clayson para o campo de ataque vazio. Ambos ocorreram no primeiro tempo. Com essa rotina, o Corinthians errou 40 de seus 166 passes, de acordo com o site "Footstats". O índice de acerto foi de aproximadamente 76%. Já o Santos acertou 473 trocas de bola e errou 50. Registrou acerto de aproximadamente 90,4%

O mais preocupante para Carille é o fato de as dificuldades para sair jogando diante de uma marcação avançada e a lentidão na transição ofensiva serem crônicas. Para pelo menos um membro da comissão técnica ouvido pelo blog, falta rapidez especialmente a Ralf para melhorar o rendimento nos contra-ataques, levando-se em conta seu poder de desarme. Uma alternativa seria a entrada de Richard, mas o reserva não mostra a mesma eficiência do titular na marcação. Ou seja, a equipe não ficaria tão bem protegida, em tese. Além disso, Richard ainda não mostrou um apoio ao ataque fora do normal.

Até domingo (14), quando acontece o primeiro jogo da final estadual com o São Paulo, o treinador corintiano certamente quebrará a cabeça para tentar impedir a repetição do que aconteceu no Pacaembu.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.