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Opinião: palavra de Blatter sobre Mundial só atrapalha palmeirenses

Perrone

16/04/2019 15h00

Em entrevista ao UOL Esporte, concedida a Jamil Chade, Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, disse que o Palmeiras "é campeão do mundo e ponto final". Bom para o torcedor palmeirense? Na minha opinião não. Na mesma sequência de respostas o suíço diz que não sabia o que acontecia entre mais de dez dirigentes indiciados ou presos por crimes de corrupção. Entre eles estavam vices da entidade e seus amigos.

É difícil de acreditar que Blatter nada sabia, embora sejam necessárias provas para desmenti-lo. Vale lembrar que ele mesmo foi suspenso da Fifa, após colocar seu cargo à disposição, por abuso de posição, gestão desleal e conflito de interesse. Isso por conta de um pagamento milionário ao ex-jogador e ex-cartola Michel Platini. Ele nega ter cometido atos de corrupção.

Nesse cenário, se um torcedor do Palmeiras usar a declaração de Blatter como atestado de que seu time foi campeão mundial em 1951, provavelmente ouvirá dos rivais algo como: "então, tá. Quem está falando é a mesma pessoa que diz que não sabia da corrupção rondando a Fifa?". É praticamente uma piada pronta. A força dada pelo ex-dirigente ao alviverde só atrapalha o clube. Apenas ajuda os adversários a fazerem mais provocações.

O Palmeiras não precisa da palavra de Blatter para se sentir campeão do mundo. Os palmeirenses não deveriam estar preocupados em esfregar um certificado de vencedor de Mundial na cara dos adversários.

Não vejo importância no que Blatter ou outro cartola diga sobre o assunto. O que interessa é como o clube e seus torcedores comemoraram a Copa Rio de 1951? Comemoraram como campeões mundiais? Então isso é o que importa. Se o palmeirense que não era vivo naquela época cresceu ouvindo de torcedores mais velhos que o título foi comemorado como Mundial, se o clube registra a conquista como tal status, isso basta (claro que nos registros oficiais deve ser mantido o nome original do torneio com direito às explicações sobre equivaler a um Mundial, se esse for o entendimento). Não tem discussão. Debater esse tema com torcedores de outros times é se dispor a ouvir provocações.

O antigo torneio intercontinental disputado entre sul-americanos e europeus chamado no Brasil de Mundial Interclubes não tinha esse nome. E daí? Sempre quem ganhou comemorou como campeão do mundo. O resto é irrelevante. O caso alviverde é semelhante. Independentemente do que o ex-presidente de uma entidade manchada pela lama da corrupção possa dizer.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.