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Para Palmeiras, aproveitar pouco os reforços faz parte do planejamento

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05/04/2019 04h00

Zé Rafael é um dos reforços pouco aproveitados por Felipão. Foto: Marcello Zambrana/AGIF

Felipão tem apanhado nas redes sociais por aproveitar pouco a maioria dos seis reforços contratados pelo Palmeiras para esta temporada. Porém, para a diretoria está tudo dentro do roteiro, conforme a estratégia do clube para 2019. Assim, o discurso alviverde é de que não há desconforto com as escolhas do treinador.

Para entender esse raciocínio é importante lembrar que o alviverde não desmanchou o time campeão brasileiro do ano passado. A partir daí, a tese da diretoria é que em sua maioria os reforços buscados são jovens promissores, o que não vale para o já experiente Ricardo Goulart, titular de Felipão. O entendimento da direção foi o de que se os principais jogadores permaneceriam não era uma questão de vida ou morte trazer atletas prontos para a titularidade.

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A conversa é de que a intenção foi buscar jogadores com grande potencial. E sem pressa para aproveitá-los. O mais importante seria adaptá-los ao clube, à comissão técnica, aos companheiros, ao estilo de jogo do time, à cidade, aos rivais, à torcida e até a imprensa local.

Por essa versão, o plano é preparar os reforços para entrarem aos poucos até ficarem prontos para substituir os campeões brasileiros. É o caso de Zé Rafael, contratado depois de se destacar no Bahia. O meia de 25 anos está sendo preparado para ocupar o posto de Dudu, na hipótese de ele ser vendido. Hoje, no entanto, a máxima é de que Dudu é quem precisa ser cobrado para decidir jogos, não Zé Rafael. Ao mesmo tempo há a compreensão de que peças fundamentais na conquista do Brasileirão tenham mais oportunidades em caso de alguns desempenhos ruins. Ao mesmo tempo, nada impede os mais jovens de atropelarem os medalhões.

Arthur Cabral, 20 anos e que arrebentou pelo Ceará, segundo a lógica da direção palmeirense, esta sendo moldado para repor uma futura saída de Borja. O colombiano, porém, está mal e não consegue se manter no time titular. Mesmo assim, Arthur só jogou 68 minutos. Apesar do pouco tempo em campo, o atacante já fez um gol. Existe a avaliação no clube de que uma contusão no púbis, tratada logo em sua chegada à Academia, atrasou a trajetória de Arthur no alviverde.

O volante Matheus Fernandes, de 20 anos, contratado junto ao Botafogo, também está na lista dos que a diretoria considera como sendo forjados. Neste caso, especificamente para cobrir uma eventual saída de Bruno Henrique. Matheus passou por um intenso trabalho de reforço muscular. O meio-campista não foi nem inscrito no Campeonato Paulista. Nesse ponto, entra em campo outro argumento palmeirense: o limite de 26 atletas profissionais inscritos por clube no Estadual. No Brasileirão, esse número subirá para 40. Por isso e pelo fato de ser um campeonato mais longo a expectativa é de que todos tenham mais oportunidades.

Dentro do planejamento para este começo de temporada, a comissão técnica sente falta de Carlos Eduardo, que foi contratado para de cara ser mais aproveitado. O clube gastou cerca de R$ 25 milhões para tirá-lo do Pyramidis, do Egito, por entender, que não tinha nenhum atacante rápido como ele. Porém, o jogador não foi bem no começo e acabou retirado da lista do Paulista depois de machucar o tornozelo. A análise é de que sua velocidade fez falta na derrota por 1 a 0 para o San Lorenzo, na última terça, pela Libertadores, na Argentina. No clube, há quem aponte que ele sentiu emocionalmente o peso do clássico contra o Corinthians, pela primeira fase, e que por isso não foi bem. Seria um dos sintomas de que o atacante de 22 anos ainda precisa ser lapidado, assim como outros de seus novos companheiros em busca de afirmação no Palmeiras.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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