Opinião: Fla aposta em caminho mais longo com Jesus. Isso pode ser bom
Em tese, a diretoria do Flamengo optou pelo caminho mais longo para espantar a crise ao escolher o técnico Jorge Jesus.
Isso pode ser bom, desde que a direção confie na sua escolha e aguente eventuais pressões e não abandone o projeto.
Os fatores que levaram o clube a chegar no estágio crítico foi a incapacidade de Abel Braga de fazer o time jogar no nível da expectativa gerada pelos gastos em sua montagem.
O outro foi a falta de respaldo da direção ao treinador. Os dirigentes não bancaram o técnico, ele sentiu a fritura e, sabiamente, pediu para sair.
Do conforto da minha poltrona, longe do caldeirão que virou a Gávea, eu pergunto: qual desses dois problemas podemos dizer que têm grandes chances de serem resolvidos imediatamente com o português Jesus nos vocais?
Pra mim, nenhum. Teoricamente é mais difícil uma solução imediata com um estrangeiro do que com um brasileiro do mesmo nível.
Jesus vai ter que se adaptar ao futebol local para render o seu melhor. Precisará conhecer as manhas do jogadores, ter ao mesmo tempo pulso firme e malandragem para lidar com um elenco badalado. A recíproca é verdadeira.
O novo comandante ainda terá que conhecer adversários e aprender a lidar com as peculiaridades do nosso futebol.
Tudo isso leva tempo. Aqui está o problema. A exigência interna e externa hoje é para que o Flamengo mostre já um futebol compatível com o custo de sua equipe.
Torcida, imprensa e diretoria terão paciência com Jesus? Se ele começar mal, acredito que ela será muito curta. Se começar bem, o técnico pode ganhar dois ou três meses de paz.
Nesse cenário, se a direção não bancar o português, não convencer a torcida de que se trata de um projeto duradouro, não vai dar certo.
Jesus é uma boa opção se a aposta for numa transformação a longo prazo, a fim de implantar uma nova mentalidade na Gávea. E se houver determinação para tocar esse plano contra os críticos.
Agora, se for pra continuar levando a vida no imediatismo, era melhor trazer um técnico brasileiro. Se não dá pra biscar um nacional top, você consegue alguém para melhorar significativamente o time de cara e tocar até dezembro.
Lá por março do ano que vem você vai ter que trocar de novo. Ou seja: é mais difícil, mas é mais eficiente apostar no projeto que leva mais tempo para se concretizar.
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