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Opinião: Neymar vive a inédita situação de não ser tratado como prioridade

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25/07/2019 04h00

Foto: Paris Saint-Germain Football/PSG via Getty Images

Enquanto aguarda a definição de seu futuro, Neymar experimenta situação inédita em sua carreira. Pela primeira vez, as equipes que o disputam não tratam o brasileiro como prioridade. Pelo menos publicamente.

Os discursos oficiais de PSG e Barcelona se assemelham ao demostrarem vontade em contar com ele, mas sem tratar o episódio com ares de disputa de vida ou morte. Os dois clubes mostram tranquilidade, caso não possam contar com ele, diferentemente do que ocorreu em suas transferências anteriores.

Direção e comissão técnica do Paris Saint-Germain deixaram claro que não querem ficar com um jogador que está infeliz no clube. Apesar de Neymar não dizer isso em público, a informação no PSG é de que ele já manifestou seu desejo de sair. Ao mesmo tempo, as manifestações do Barcelona até aqui foram no sentido de que o brasileiro é o principal interessado na transferência.

Nesse cenário, o PSG aceitou negociar com o Barça, que é cauteloso nas tratativas, pois já investiu em Griezmann e De Jong na atual janela. Ou seja, salvar dinheiro para injetar na operação Neymar não foi a prioridade. Bem diferente de quando o clube catalão fez até um pré-contrato milionário para assegurar que teria o brasileiro ao final de seu compromisso com o Santos. Na ocasião, o interesse do Real Madrid ajudou a turbinar a oferta. O Santos lutou até onde deu por sua manutenção. Tal cenário empoderou o pai de Neymar para pedir alto na negociação.

Na ida de Barcelona para Paris, o roteiro foi semelhante. O Barça não quis negociar, mas o PSG tratou o brasileiro como prioridade em seu projeto para conquistar a Champions, o que ainda não ocorreu, e pagou sem piscar os olhos a multa de 222 milhões de euros. De novo, o Neymar mais velho ficou com a faca e o queijo na mão e conseguiu praticamente tudo o que pediu.

Agora, nenhum dos interessados mostra a mesma volúpia de outrora. Isso obriga Neymar e seu pai se adaptarem. Pelo menos em tese, eles têm menos poder de barganha. Terão que exigir menos do que estão acostumados para o negócio dar certo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.