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Como Andrés será cobrado em reunião sobre Caixa e Odebrecht

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25/09/2019 09h50

A proximidade com a reunião do Conselho Deliberativo do Corinthians, marcada para a diretoria prestar esclarecimentos relativos à arena do clube, na próxima segunda (30), gera intensa movimentação dos grupos de oposição no Parque São Jorge. Conselheiros se preparam para sabatinar o presidente Andrés Sanchez sobre a execução de cerca R$ 536 milhões feita pela Caixa contra a Arena Itaquera S/A e o acordo com a Odebrecht relativo à operação para a construção das obras do estádio alvinegro. Veja abaixo os principais questionamentos que os opositores pretendem fazer.

 

1 – Por que a diretoria e Andrés disseram que os pagamentos estavam em dia, mas depois admitiram atraso?

Opositores acusam o presidente alvinegro de ter mentido para o conselho ao dizer que estava pagando em dia para a Caixa as prestações referentes ao financiamento de R$ 400 milhões feito pelo banco junto ao BNDES para ajudar a custear as obras da arena. Depois de a execução ser noticiada, o cartola admitiu haver dois meses de atraso levando-se em conta acordo que julgava válido, apesar de não estar assinado. Sem o trato, ele admite débito desde abril.

Por sua vez, a Caixa alega que não foram pagas as prestações de março a agosto (até a execução). Para a oposição, se for comprovado que o dirigente não passou as informações corretas ao conselheiros, medidas punitivas contra ele poderão ser pedidas. Ainda há estudo sobre qual seria a punição cabível. Andrés nega ter mentido para o conselho.

2 – Quais documentos o clube possui para provar que houve acordo entabulado com a Caixa?

Andrés sustenta que o trato com a Caixa para pagar prestações entre novembro e fevereiro por um valor menor estava acertado verbalmente, mas por conta de trâmites burocráticos no banco, incluindo troca de diretoria, não foi assinado. Na notificação extrajudicial enviada ao clube, a Caixa confirma a existência de tratativas para o acordo, mas sustenta que ele não foi assinado porque o fundo responsável pela arena deixou de entregar documentos necessários.

Opositores querem que Andrés mostre atas de eventuais reuniões com a Caixa e relatórios do departamento jurídico do clube sobre as tratativas. Consideram que se não existirem tais documentos pode ter havido negligência por parte da diretoria. Afirmam que documentos relativos à tentativa de acordo são fundamentais para o alvinegro trabalhar na defesa da Arena Itaquera S/A, beneficiária do empréstimo e controlada pelo fundo, que tem Corinthians e Odebrecht como cotistas.

3 – Por que não foi possível pagar em dia todas as parcelas deste ano? A conta não fecha?

Opositores avaliam ser extremamente preocupante o fato de não ter sido possível pagar em dia as parcelas, apesar do cálculo com descontos em janeiro e fevereiro. Isso mesmo como o time sendo campeão paulista e chegando às semifinais da Sul-Americana garantindo boas rendas nas duas competições. Se nem assim foi possível honrar o compromisso, como a dívida vai ser paga? Querem que Andrés responda à essa pergunta.

4 – O Corinthians ainda deve ou não para a Odebrecht?

Em entrevista coletiva, Andrés disse que fez acordo com a construtora e que, desde então, só deve para a Caixa em relação à construção do estádio. Porém, em nota oficial, a empresa disse que foi assinado termo de quitação da dívida entre Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) e Corinthians sobre as obras da arena. No entanto, afirmou que foi assinado um "memorando de entendimentos" que "define os termos para solucionar a dívida do projeto arena junto a Odebrecht Participações e Investimentos (OPI)".

Os conselheiros ressaltam que, no caso da OPI, a empresa não confirmou quitação dondébito, mas falou em definição sobre como ele vai ser pago. Por isso, querem que Andrés esclareça a situação e suspeitam que o presidente não foi claro como deveria em sua manifestação anterior. Conforme apurou o blog, ficou acordado que o Corinthians pagará 25% do que a OPI ainda dever para o banco estatal por conta de empréstimos feitos para bancar parte da obra.

Segundo aliados do presidente corintiano, como o clube fará pagamentos diretamente para a Caixa, ele não mentiu ao dizer que só deve para o banco em relação à operação para a construção do estádio.

5 – Quais são os números oficiais referentes à dívida e  às despesas de manutenção da arena?

Membros da oposição querem que o presidente alvinegro apresente extratos mostrando qual a dívida oficial em relação ao projeto neste momento e também comprovando os custos mensais provocados pela operação do estádio. Sanchez costuma dizer que exibiu todos os dados solicitados pelos conselheiros.

Andrés não fala com o blog, por isso não foi possível ouvi-lo sobre o assunto.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.