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Corinthians e Caixa se reaproximam por acordo. Juiz defere pedido do banco

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17/09/2019 04h00

Corinthians e Caixa Econômica Federal iniciaram uma reaproximação com o objetivo de tentarem acordo para a retirada da ação de execução na Justiça na qual o banco cobra dívida de R$ 536.092.853,27 da Arena Itaquera S/A. Conforme apurou o blog, as duas diretorias mantiveram contato por telefone e decidiram agendar uma reunião para negociar.

A data do encontro ainda não foi marcada. A ideia é que ele aconteça até o início da próxima semana. Porém, enquanto isso, a ação segue seu trâmite na Justiça. Em 27 de agosto, o juiz Victorio Giuzio Neto deferiu pedido da Caixa para que a Arena Itaquera fosse notificada para quitar o débito em até três dias. Isso, no entanto, não significa que o caso está encerrado de maneira favorável ao banco. Trata-se de procedimento natural em casos semelhantes.

O clube pode contestar a execução. É isso que vai fazer, por meio de embargos, caso as tratativas por um acordo não avancem. Porém, no Parque São Jorge o clima é de otimismo em relação a um pacto, que incluiria a renegociação da forma de pagamento acordada originalmente. A avaliação no lado alvinegro é de que a Caixa adotou um tom mais ameno, após uma postura agressiva no início do imbróglio. O banco emitiu nota oficial confirmando a execução, mas dizendo estar disposto à conciliação.

Existe também a análise interna de que o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, em sua entrevista coletiva, se controlou para não ser agressivo com a direção da Caixa e, de maneira geral, em relação ao governo de Jair Bolsonaro. Entre dirigentes corintianos existe uma ala que desconfia haver perseguição política.

O contrato executado se refere ao financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES por intermédio da Caixa para cobrir parte dos gastos com a construção do estádio alvinegro. O compromisso foi firmado com a Arena Itaquera S/A, criada para viabilizar a engenharia financeira do projeto. O Arena Fundo de Investimentos Imobiliário, que tem como acionistas Corinthians e Odebrecht, é o dono da empresa executada. Clube e a Odebrecht Participações e Investimentos são citados na ação como intervenientes anuentes.

Como mostrou o blog, a Caixa alega que não foram pagas as prestações de março, abril, maio, junho, julho e agosto. E sustenta que o contrato prevê a antecipação do pagamento integral do débito em caso de inadimplência. Em sua entrevista coletiva na semana passada Andrés admitiu atraso em duas parcelas Isso levando-se em conta acordo que o clube entendia estar valendo, mesmo sem ter sido assinado. Mas, que pelo trato original, a falta de pagamento poderia ser contada desde abril.

Leia a seguir manifestação sobre o assunto enviada ao blog por Fábio Trubilhano, diretor jurídico do Corinthians.

"A CEF moveu ação de execução contra a Arena Itaquera SA, que é sociedade de propósito específico com personalidade jurídica distinta do Sport Club Corinthians Paulista. A opção da CEF em judicializar a questão vai na contramão do que se esperava, tendo em vista as relações comerciais amigáveis e os constantes diálogos que sempre existiram entre a CEF e o Corinthians. De todo modo, a existência de uma execução não afasta a possibilidade de que as partes eventualmente venham a se compor amigavelmente. Não havendo acordo, serão tomadas todas as medidias judiciais cabíveis a fim de suspender e afastar a execução proposta."

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.