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Quatro estratégias de Galiotte para combater crise palmeirense

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10/09/2019 04h00

Para aliados de Maurício Galiotte, o presidente palmeirense conseguiu evitar que a crise no clube provocada pela eliminação na Libertadores diante do Grêmio seguida pela derrota por 3 a 0 para o Flamengo, no Maracanã, pelo Brasileiro, fosse ainda maior. Na tentativa de evitar estragos mais profundos do que a queda de Luiz Felipe Scolari, uma série de medidas foi adotada. Confira abaixo as principais.

1 – Rápida assinatura com Mano Menezes

Tomada a decisão de demitir Felipão, a meta da diretoria capitaneada por Galiotte foi fechar rapidamente com Mano. A intenção era evitar especulações, a impressão de que o time estava sem rumo e impedir o avanço da rejeição de torcedores e conselheiros ao treinador escolhido. O acordo levou menos de duas horas para ser alinhavado logo depois do anúncio da saída de Scolari, conforme apurou o blog. Os que eram contra a contratação do ex-treinador de Cruzeiro, Corinthians, Flamengo e seleção brasileira ficaram impotentes diante do comunicado do Palmeiras de que ele já tinha sido efetivado, feito no dia seguinte.

2 – Silêncio

Galiotte adotou a estratégia de não responder publicamente às críticas feitas a ele e a Alexandre Mattos por Seraphim Del Grande, presidente do Conselho Deliberativo. As queixas estavam em um áudio enviado a sócios e conselheiros, mas que acabou vazando. O presidente palmeirense também evitou cobrar Del Grande, seu aliado político para fazer oficialmente uma retratação.

A avaliação do presidente do clube e de seu estafe foi de que um pronunciamento sobre o tema reforçaria a tese de que os dois estavam rachados. O silêncio foi seguido de uma manobra para demonstrar sintonia entre ambos. Del Grande foi convidado para participar de uma reunião de diretoria, como mostrou o UOL Esporte. A ideia era de que ao aparecer ao lado do presidente do clube, ele mostraria ainda estar alinhado com a gestão. Além disso, seria natural que o líder do Conselho Deliberativo desse explicações aos presentes, o que acabou acontecendo.

3 – Alexandre Mattos

No auge das cobranças de torcedores e conselheiros pela demissão do diretor de futebol do Palmeiras, Galiotte optou por uma defesa discreta do funcionário. A análise foi de que quanto mais o principal dirigente alviverde falasse sobre o tema, mais lenha jogaria na fogueira. A estratégia foi manter a rotina de Mattos de participar das apresentações de novos contratados do clube, mas de maneira também discreta.

Na apresentação de Mano Menezes, o cartola remunerado entregou para o treinador um livro sobre a história do clube, como faz com jogadores que chegam à Academia. No entanto, ele não teve protagonismo no evento, diferentemente do que ocorreu na chegada de Ramires, por exemplo. Mattos foi o responsável por apresentar o volante, com direito a discurso. Com Mano, esse papel coube a Galiotte. Assim, o diretor de futebol ficou menos nos holofotes num momento de extrema pressão. Ao mesmo tempo, a simples presença dele ao lado do presidente demonstrava que sua demissão não estava em pauta.

4 – Leila Pereira

Outro momento tenso nos bastidores do Palmeiras aconteceu quando Leila Pereira, presidente da Crefisa, patrocinadora alviverde, respondeu a um torcedor em rede social que não é responsável por contratações ou por escalar o time. Parte dos conselheiros do clube passou a farejar uma possível discordância entre a empresária e Mattos, o que consequentemente a colocaria em rota de colisão com o presidente.

De novo, Galiotte não fez alarde. E, como faz em momentos relevantes, recebeu Leila e o marido dela, José Roberto Lamacchia, dono da Crefisa, para participar da apresentação de Mano. A aparição do casal ao lado do cartola pode ser interpretada como uma resposta aos comentários de conselheiros sobre um suposto atrito entre eles.

A postura da empresária, que evitou comentar a respeito da  pressão sobre Mattos, foi comemorada por apoiadores de Galiotte, já que não houve novo incêndio para ser apagado. Vale lembrar que Leila, assim como seu marido, é conselheira do clube. Ela é cotada para ser apoiada pelo atual presidente para se candidatar a ocupar a principal cadeira no clube.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.