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Análise: o lado de Sampaoli que assusta clubes

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31/12/2019 14h05

Livre no mercado, Jorge Sampaoli é objeto de desejo de praticamente todo grande clube brasileiro que fica sem treinador neste momento. Porém, há um  lado do argentino que tem potencial para assustar pretendentes.

O estilo centralizador e a imagem de celebridade sugerem um técnico personalista, mais preocupado com seu sucesso pessoal do que em construir um legado para seus clubes.

A exigência de reforços de peso para ficar no Santos reforçam essa ideia. Nesse caso, investir pesado em contratações atropelaria o projeto de redução de despesas do clube. Ou seja, o interesse pessoal do treinador teria ficado acima da vontade da instituição.

É preciso lembrar que Sampaoli alega ter cobrado o que o presidente do Santos, José Carlos Peres, teria prometido em termos de reforços. Além disso, o argentino ajudou a valorizar o elenco santista com o segundo lugar no Brasileirão.

No Santos, Sampaoli ficou marcado como um treinador que controla todas as áreas ligadas ao futebol. Isso incluiu pedir demissões de funcionários.

Tal maneira de trabalhar destoa de projetos de alguns clubes brasileiros que entendem o treinador como protagonista, mas encaixado na hierarquia da agremiação. Nesse modelo o técnico tem menos autonomia e é obrigado a se encaixar nos processos estabelecidos pela diretoria.

Filosofia semelhante à essa o Palmeiras tenta implantar desde que demitiu o poderoso executivo Alexandre Mattos.

O alviverde negociou com Sampaoli, mas não entrou em acordo com o treinador. Em seu lugar, chegou Luxemburgo para substituir Mano Menezes. Luxa não terá os mesmos poderes que se acostumou a ter no auge de sua carreira.

Esse estilo que coloca o treinador como parte de um processo desenhado pela direção é comum em clubes que buscam uma gestão empresarial.

Isso, na opinião deste blogueiro, deixa  Sampaoli numa situação curiosa. Se em campo ele apresenta um futebol considerado moderno para os padrões brasileiro, fora dele age de uma forma  vista como defasada por alguns dos gestores mais modernos do futebol nacional.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.