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Opinião: Flamengo mostra mais virtudes do que falhas em semifinal sofrida

Perrone

17/12/2019 17h22

A dificuldade enfrentada pelo Flamengo no primeiro tempo contra o Al-Hilal pode ter desapontado seu torcedor, porém, no geral, o time brasileiro mostrou mais virtudes importantes do que falhas preocupantes na opinião deste blogueiro.

A vitória por 3 a 1 parecia algo distante após o domínio saudita na primeira etapa da semifinal do Mundial de Clubes. O Al-Hilal melhorou incrivelmente na marcação em relação à vitória por 1 a 0 sobre o Espérance, da Tunísia, nas quartas de final. Seu potencial do meio para frente já era conhecido.

Até abrir o placar, o time da Arábia Saudita fez uma eficiente marcação alta. Depois do gol, recuou. Mas, nos dois casos, fechou as laterais e impediu o Flamengo de usar uma de suas principais armas: a velocidade. Bruno Henrique e Gabigol foram peças quase decorativas nos 45 minutos iniciais.

A imobilização imposta pelo rival fez o Flamengo cometer sua principal falha no jogo: não controlar os nervos. Por conta do nervosismo, a equipe brasileira errava passes mais do que está acostumada a fazer e entregava a bola para os árabes. Seja contra Liverpool ou Monterrey, a decisão deve exigir mais controle emocional. Jesus precisa dar seu jeito para melhorar isso. Se bem que, na etapa final, os flamenguistas estavam bem mais calmos. O fato de já começarem o segundo tempo acertando contribuiu para essa tranquilidade.

As virtudes rubro-negras começaram a aparecer. A primeira a ser vista na volta do intervalo foi a capacidade de Jesus de arrumar o time sem fazer substituições. Na conversa, o treinador acalmou seus comandados, conseguiu melhorar o passe e, finalmente, explorar a velocidade no ataque. Foi assim que conseguiu a virada.

Outra qualidade foi o preparo físico aparentemente melhor do que o dos adversários. Isso depois de quase que uma temporada inteira desgastante e festas para comemorar as taças do Brasileirão e da Libertadores.

A força ofensiva rubro-negra acabou chamando atenção pelos três gols no segundo tempo. Mas é preciso destacar o trabalho na marcação. O resultado mais importante foi a capacidade de neutralizar Gomis, o melhor jogador do Al-Hilal. Encaixotado na marcação, o atacante francês só acertou uma finalização na partida inteira, além de errar duas conclusões, de acordo com o site "Footstats". É verdade também que os sauditas mantiveram Gabigol sob controle na maior parte do jogo. Ele errou seus dois únicos arremates nos 90 e poucos minutos, também de acordo com o Footstats.

Claro que Jesus tem o que melhorar para a partida decisiva. Mas, mesmo sem ser brilhante, o rubro-negro mostrou mais uma vez como é forte. Tem força, inclusive, para virar jogos bem complicados. Já tinha sido assim na final da Libertadores diante do River Plate. E, se o Flamengo não encaixar seu jogo desde o início da decisão do Mundial, o roteiro tende a ser semelhante outra vez. Azar dos corações flamenguistas.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.