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Plano para fazer Leco gastar menos ganha apoio de grupo de conselheiros

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14/12/2019 04h00

O Conselho de Administração (CA) do São Paulo ganhou o apoio de um grupo de conselheiros para seu projeto de cortar drasticamente as despesas da gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O alvo principal dos cortes é o departamento de futebol, chefiado por Raí.

Na última quarta, esses conselheiros, de três alas políticas, se reuniram e decidiram que irão votar a favor do orçamento reformado que será submetido ao Conselho Deliberativo em reunião na próxima quinta (19). Porém, prometem protocolar um documento no Conselho Deliberativo (CD) exigindo que as contas do clube sejam fiscalizadas pelo menos mensalmente pelo Conselho de Administração (CA) e que as sugestões do órgão para eventuais correções de rota sejam adotadas por todas as diretorias. O pelotão deve reunir mais de 50 conselheiros.

O CA, que tem o presidente tricolor como um de seus integrantes, já tinha se posicionado no sentido de passar a fiscalizar de maneira semanal as atividades das principais áreas do clube em vez de se limitar a relatórios periódicos. A ideia é conseguir evitar prejuízos antes que eles se acumulem. A nova postura do Comitê de Gestão foi adotada depois de que o primeiro orçamento para 2020, apresentado pela direção, obviamente com o respaldo de Leco, gerou preocupação por conta das despesas.

A maioria decidiu que a peça orçamentária não deveria ser aprovada e que o CA trabalharia para fazer um relatório com menos gastos. Na reunião da última quarta, o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta, que integra o órgão, explicou a situação e os novos planos aos conselheiros que abraçaram a ideia.

O orçamento inicial previa que o São Paulo fecharia o próximo ano com superávit de R$ 6.671.396. Após os ajustes feitos pelo CA, a previsão superavitária passou a ser de R$ 68.512.268. Para essa transformação ser colocada em prática, o Conselho de Administração entende que, além de um acompanhamento quase que em tempo real dos trabalhos, é preciso estipular metas para as diretorias cumprirem. Quem seguidamente não atingir os objetivos pode ter sua saída sugerida ao presidente. Vale lembrar que controlar a direção por meio de metas é um antigo desejo do órgão.

Com a posição do grupo de conselheiros que se reuniu na última quarta, o CA ganha mais força para pressionar Leco a seguir seus planos. "Exigimos que essa fiscalização seja feita só pelo Conselho de Administração, sem interferência do executivo. Entendemos que é melhor aprovar o orçamento (ajustado pelo CA) por um simples motivo: se ele for reprovado, vale o anterior, que é pior para o clube", disse ao blog o conselheiro José Roberto Opice Blum, ativo no recente encontro.

Crítico dos gastos da atual gestão, Blum deixa claro qual o departamento que mais precisa apertar os cintos. "O foco é o futebol. Que parem de gastar adoidado, de maneira esdrúxula, e diminuam o débito em R$ 100 milhões", afirmou o conselheiro. O valor citado é igual ao estipulado pelo CA para que o clube reduza sua dívida bancária atual, avaliada pelo órgão em R$ 200 milhões.

O blog tentou ouvir Leco sobre o tema por meio de sua assessoria de imprensa, mas não obteve resposta até a conclusão deste post. O encontro no qual o grupo de conselheiros decidiu aprovar o novo orçamento e cobrar o aumento da fiscalização das contas aconteceu na casa de Douglas Eleutério Schwartzmann, ex-vice de comunicação e marketing do clube.

A maioria dos que estavam presentes é contrária a atual gestão. Eles também discutiram as próximas eleições são-paulinas e concluíram que devem se posicionar apenas alguns meses antes do pleito. A votação está prevista para dezembro do ano que vem. Também esteve em pauta o recente episódio em que um hacker vazou documentos do clube e tentou chantagear membros do CD e do departamento de futebol. Eles esperam o fim das investigações para saber o caminho a ser seguido.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.