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Sugestão: uma cartilha com oito regras para Tiago Nunes seguir

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23/02/2020 09h29

1 – É proibido desperdiçar tempo

Se essa regra existisse, Nunes teria assumido o comando do Corinthians em novembro, não apenas em 2020.  Assim, teria minimizado a falta de tempo no início da preparação antes da fase classificatória da Libertadores na qual o Corinthians acabou eliminado. Tempo é um bem precioso, ainda mais para treinadores dispostos a revolucionar a maneira de jogar de suas equipes, como é o caso do técnico alvinegro.

2 – Tente ao máximo aproveitar um ídolo do clube

Uma norma assim teria impedido o técnico corintiano de dispensar Ralf sem ao menos vê-lo treinar sob suas ordens. Parece que Nunes tem alergia ao volante. Não podia nem chegar perto dele. Apesar de não ter as características exigidas pela ideia principal de jogo do comandante alvinegro, na opinião deste blogueiro, o ídolo da Fiel poderia ter sido útil em algumas situações durante a temporada.

3 – Escale quem está melhor

Essa regra básica do futebol foi ignorada por Nunes no que diz respeito à titularidade de Sidcley nos dois jogos contra o Guaraní pela fase classificatória da Libertadores.

4 – É proibido ser teimoso

Quando um jogador está mal, não teime em escalá-lo. Obviamente, a tendência é que ele continue mal. De novo, a escalação de Sidcley é o exemplo a não ser seguido. Vale lembrar que encontrar um técnico que não seja teimoso é uma das missões mais difíceis no futebol.

5 – Quando disser que um jogador já está em forma, mostre dados que comprovem a informação

Nunes afirmou em entrevista coletiva que Sidcley já havia entrado em forma. Porém, bastava ver o lateral entrar em campo para constatar que ele ainda estava acima do peso. O técnico corintiano insistiu em dar ritmo de jogo a ele como titular em detrimento da evolução coletiva da equipe. Sidcley deveria entrar aos poucos no time e assim não prejudicaria o coletivo, ainda mais porque Piton vinha jogando bem melhor.

6 – Reavalie sempre suas convicções

O técnico corintiano confia muito em seu taco, mas, de vez em quando, ele espirra, como o de todo profissional. Confiar em suas convicções é bom, mas é preciso sempre refletir se elas realmente estão certas. Nunes, às vezes, demora a abandonar algumas ideias justamente por conta desta confiança. Não é uma boa casar eternamente com suas teorias. Confrontá-las com a prática faz parte do processo de evolução de um projeto.

7 – Não tenha só uma forma de jogar

Nunes tem uma proposta de jogo muito interessante. Seus conceitos já são bem visíveis no Corinthians, apesar do pouco tempo de treinamento. Isso indica que o trabalho está sendo bem feito e é promissor, apesar da nova derrota, agora para o Água Santa, por 2 a 1. Porém, na opinião deste blogueiro, nenhum time pode depender de apenas uma maneira de jogar. É preciso ter variações para complicar a vida dos adversários e dar mais alternativas a seus jogadores. Claro que ainda é cedo para cobrar um cardápio mais variado dos corintianos. A sequência da temporada mostrará se essa diversificação está nos planos do técnico.

8 – Não seja babá de seus jogadores

A maioria das regras estipuladas por Tiago Nunes em sua cartilha, revelada pelo Globoesporte.com, para os jogadores é comum no futebol mundial. No entanto, muitas delas cheiram a mofo. Principalmente porque tiram responsabilidades e a prática do bom senso dos jogadores. Num ambiente extremamente profissional não faz sentido tratar funcionários como incapazes a ponto de precisarem de uma cartilha para indicar como devem ser comportar em grupo. A falta de oportunidade para exercitar o bom senso e o direito de escolha pode inibir o jogador no momento em que ele precisa tomar decisões dentro de campo. E o Corinthians tem sofrido muito com decisões erradas tomadas por seus atletas durante as partidas.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.