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Médicos idosos são expostos a riscos por falta de material, diz sindicato

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20/03/2020 04h00

ESPECIAL COVID-19*

Falta de equipamentos de proteção individual para os médicos, profissionais idosos atuando na linha de frente sem a devida proteção e funcionários expostos a riscos sem garantias trabalhistas. Esse é o pacote com potencial para aumentar o estrago feito pelo novo coronavírus no Brasil. A análise é do presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti.

A entidade tem recebido denúncias de profissionais sobre problemas como a falta de máscaras e outros elementos indispensáveis para a proteção de quem trata pacientes com suspeita de contaminação pelo Covid-19, entre outros problemas. O sindicato criou um telefone para denúncias e pretende levar os casos para o Ministério Público.

Por sua vez a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo enviou nota afirmando que os estoques foram reforçados na semana passada com 5 milhões de máscaras descartáveis e 15 milhões de luvas, entre outros insumos (veja a nota na íntegra no final do post).

"A gente já imaginava que ia faltar material. O SUS já tinha deficiência de insumos. Agora a situação se agravou. Sem proteção aumenta o risco de os médicos adoecerem. Se isso acontecer, o déficit no nosso sistema de saúde vai aumentar. Teremos menos médicos e mais pacientes", afirmou o presidente do sindicato. 

Para complicar a situação,  profissionais que tocam pessoas com suspeita de contaminação precisam  trocar todo o equipamento. Isso aumenta a demanda por material de prevenção. O kit é composto por máscara facial, gorro, óculos de proteção e luvas.

Outra preocupação é em relação a profissionais idosos que trabalham sem as condições ideais de proteção. "Temos médicos que estão na terceira idade em situação de risco, trabalhando sem equipamento de proteção. Não são todos, mas temos informações que isso acontece com médicos de uns 65 anos, que fazem parte do grupo de risco", disse o presidente do sindicato.

Gatti declarou que a entidade também está preocupada em relação a como médicos que trabalham como pessoa jurídica vão se sustentar caso fiquem doentes atuando sem equipamentos de proteção.

"Decidiram parar de fazer concurso para contratar médicos para a rede pública. Passaram a contratar profissionais como pessoa jurídica. Se eles ficarem doentes trabalhando, vão parar de receber", declarou Gatti.

.Outra reclamação é de que em algumas unidades de saúde na área de triagem são misturados pacientes suspeitos de contaminação pelo Covid-19 com os demais.

Apesar de tantas queixas a margem para a categoria se manifestar é pequena. A reportagem apurou que, pelo menos entre médicos paulistas, existe o sentimento de que com o caos instalado na saúde pública por conta do coronavírus ninguém pode parar para protestar. Isso poderia custar vidas 

Abaixo, veja na íntegra a nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado ao blog.

"As orientações aos profissionais de saúde já têm sido amplamente comunicadas, por meio de webconferências e documentos técnicos de proteção aos profissionais, amparados nas diretrizes do Ministério da Saúde e da Anvisa. As medidas assistenciais também foram disseminadas entre os serviços de saúde, com base nos protocolos do SUS.

Com relação aos insumos, a Secretaria de Estado da Saúde esclarece que realiza planejamento estratégico de compras, com base no consumo e mais uma margem de segurança para garantir  abastecimento. Além disso, destaca que, na última semana, foi anunciado pelo Governador e Secretário o reforço dos estoques de insumos para profissionais de saúde dos hospitais estaduais, incluindo: 5 milhões de máscaras descartáveis, 15 milhões de luvas, 48 mil litros de higienizadores em gel e mil aventais, além de máscaras cirúrgicas e óculos descartáveis".

*Além dos habituais posts publicados neste blog,  por tempo indeterminado, esse espaço também será dedicado a temas relacionados ao novo coronavírus.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.