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Opinião: Moro tomou decisão arriscada ao embarcar no caso Ronaldinho

Perrone

10/03/2020 04h00

Na opinião deste blogueiro, Sérgio Moro deu um passo arriscado ao telefonar para autoridades paraguaias com o objetivo de ter informações sobre o caso Ronaldinho Gaúcho.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública se arrisca porque não sabe os efeitos que sua atitude podem provocar.

O reflexo mais óbvio é que todo cidadão brasileiro que se sinta injustiçado no exterior por decisões processuais solicite o acompanhamento do ministro. Obviamente isso seria impossível.

Ronaldinho é uma celebridade e defendeu as cores da seleção brasileira, mas todo cidadão deve ser tratado de maneira igual. É um princípio constitucional, que deve ou deveria estar bem fresco na cabeça do ministro.

Se ele criou novos critérios para definir em que casos o ministério deve deixar suas digitais, deveria tornar essas regras públicas.

Além disso, existe a diplomacia brasileira, que deve ser respeitada. Na humilde opinião deste jornalista, os diplomatas brasileiros que já estavam no caso, deveriam permanecer na linha de frente ainda que fazendo interlocução com Moro.

Mas há outro aspecto que tornou a situação arriscada para o ministro. Como as autoridades paraguaias interpretaram sua atitude? Consideraram o movimento normal no tabuleiro ou foi um abuso?

Claro que se espera que Ronaldinho e todo cidadão independentemente de sua nacionalidade e de onde esteja seja julgado com imparcialidade. Mas nunca se sabe. Será que entre os responsáveis pelo caso não tem gente que ficou mordida?

A questão central é se as autoridades paraguaias se sentiram desrespeitadas em sua soberania. Por mais que Ronaldinho seja um ídolo internacional, o Paraguai tem na máfia da falsificação dos documentos um sério inimigo. Ou seja, para eles não se trata apenas de um episódio isolado e envolvendo um ex-craque da seleção brasileira. O ministro parece não ter levado nada disso em conta.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.