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Ronaldinho deveria ter privacidade na cadeia para não parecer troféu

Perrone

15/03/2020 08h19

Todo mundo curtiu ver as imagens de Ronaldinho jogando bola na prisão em que está detido no Paraguai. Natural que tenha sido assim. O fato de um mito do esporte desfilar seu talento na cadeia chama atenção, tanto que já inspirou filmes.

Os meios de comunicação fizeram a sua parte ao divulgar fotos e vídeos. O problema não está na reação da imprensa e das pessoas, mas sim na falta de privacidade do brasileiro no cárcere.

Ronaldinho não está na "Agrupación Especializada de la Policia Nacional" para tornar o local famoso. Se fosse isso, certamente cobraria bem caro pelos dribles distribuídos entre prisioneiros.

Cumprindo prisão preventiva com seu irmão Assis por portar e usar documentos paraguaios falsos, Ronaldinho tem direito, assim como todos os seus colegas de cadeia, à privacidade. Tem  o direito de poder se exercitar e se distrair sem ter os olhares do mundo exterior voltados para ele.

Será que Ronaldinho não fica constrangido cada vez que sabe de uma imagem sua na cadeia circulando pelas redes sociais? Uma coisa é sorrir para tirar uma foto com alguém lá dentro. Outra é a exposição pública numa situação incomum e a qual ele e seus advogados acreditam ser injusta.

Em entrevista a esse blogueiro, Blas Veras, administrador da "agrupación" diz que, como o local é um quartel adaptado para também fazer o papel de prisão, existem muitas pessoas lá dentro que portam celulares e que ele considerou normal elas filmarem Ronaldinho nas peladas.

Para mim, faltou cuidado com a imagem do jogador e até da própria Justiça paraguaia.

Os advogados de Ronaldinho acreditam que ele é usado como um troféu pelas autoridades locais com o objetivo de demonstrar força. Sustentam que ele e Assis admitem terem errado e cometido crime, mas que a prisão preventiva é resultado de uma série de irregularidades.

Não dá para saber se as autoridades paraguaias aproveitam a fama de Ronaldinho para enviar um recado a criminosos ou a seja lá quem for. Mas é óbvio que troféu se exibe. E o brasileiro tem sido bastante exibido na cadeia.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.