Topo

Perrone

Análise: Corinthians consegue criar crise mesmo sem jogar

Perrone

23/04/2020 11h21

Com o Campeonato Paulista suspenso por causa da pandemia de Covid-19, o Corinthians ganhou tempo para lamber as feridas e tentar voltar saudável para a competição na qual ostenta desastrosa campanha. Porém, justamente quem deveria cuidar dessa recuperação faz o clube sangrar mais ainda.

Mesmo sem derrotas ou empates diante de adversários teoricamente mais fracos, Andrés Sanchez e Tiago Nunes conseguiram a proeza de criar uma nova crise.

A primeira lambança foi feita pelo treinador, em março, já com o campeonato parado. Ele deu entrevista dizendo que o Cifut (Centro de Inteligência do Futebol)  do Corinthians estava sucateado quando ele chegou ao alvinegro.

Nunes não é um técnico do infantil para não saber que tal tipo de crítica feita publicamente vai criar problema com a diretoria. Isso mesmo se seu trabalho fosse ótimo e o time estivesse liderando o Estadual, o que está bem longe da realidade.

O assunto parecia morto até que nesta quarta (23), em entrevista ao jornalista Jorge Nicola, Andrés Sanchez resolveu responder ao técnico.

O presidente corintiano afirmou que está bravo com o treinador e que Nunes deve ter vindo do Barcelona para reclamar do Cifut alvinegro. Andrés disse que nenhum clube brasileiro, e nem o Barça, tem um departamento mais moderno do que o de seu time.

Ou seja, não se deu ao trabalho de ser fiel às declarações do técnico. Nunes não reclamou de equipamentos. Disse que o Cifut estava defasado em relação a informações.

Sanchez não é dirigente de time escolar para não saber que ao responder publicamente ao técnico comete o mesmo erro de seu funcionário.

Pelo contrário. Andrés tem traquejo de sobra para agir dentro do vestiário. Assim, não dá pra visualizar bem seu gesto. Não por falta de clareza, mas por conta da fumaça de fritura em volta do técnico corintiano.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.