Entenda crise na oposição do SPFC após anúncio de filho de ex-presidente
O movimento que pode colocar o filho do ex-presidente do São Paulo Marcelo Portugal Gouvêa na presidência do Conselho Deliberativo do clube gerou estresse na oposição e esvaziou a convenção do grupo para escolher o candidato à presidência do órgão na eleição de dezembro. O processo que culminou com a candidatura de Marcelinho Portugal Gouvêa foi visto como uma virada de mesa por parte dos opositores e provocou a saída dos outros dois pré-candidatos.
Inicialmente, José Carlos Ferreira Alves, José Roberto Ópice Blum e Homero Bellintani Filho, o Homerinho participariam da convenção. A crise começou depois de Alves retirar seu nome da disputa alegando que teria dificuldades para conciliar o eventual cargo com seu trabalho como desembargador. Os outros dois candidatos entenderam que a disputa estava fechada entre eles. Mas foram surpreendidos com o anúncio de que o filho do ex-presidente decidiu participar da convenção, ainda sem data marcada. O evento também vai definir quem será o candidato da oposição à presidência do clube. Marco Aurélio Cunha, Roberto Natel e Sylvio de Barros estão no páreo. Júlio Casares é o candidato que tem o apoio do presidente Leco.
O blog apurou que Homerinho entendeu não ser justo o lançamento da candidatura de Marcelinho aos "45 minutos do segundo tempo", se sentiu sem respaldo da coordenação da coligação de oposição e se retirou da disputa. Na última quinta (25), foi a vez de Blum fazer o mesmo por, segundo apuração da reportagem, não ter concordado com a forma com que foi conduzido o processo que alçou o filho do ex-presidente à condição de pré-candidato.
Homerinho acreditava que teria o apoio de Alves na convenção. Já Marcelinho diz que decidiu se candidatar depois de o desembargador desistir e perguntar se ele teria interesse em tentar o posto.
"Retirei minha candidatura para não rachar o grupo. Penso que seriam muitos nomes concorrendo na convenção, talvez não fosse escolhido o melhor nome para ganhar a eleição. Posso garantir que a eleição para a presidência do conselho (antes da entrada de Marcelinho na disputa) estava ganha. Agora não sei mais", disse Homerinho, antes de saber da desistência de Blum. "Estou magoado", completou ele, referindo-se ao que entende ter sido falta de respaldo de parte da coalizão. O ex-pré-candidato diz que agora se considera neutro na política tricolor, como antes de entrar na coalizão oposicionista. "Vou votar em quem eu achar melhor para o São Paulo", declarou.
Marcelinho afirmou ao blog não ver problemas em relação à sua pré-candidatura. "O processo de convenção é muito democrático. Acho que todo mundo que tem a intenção de se tornar candidato da oposição deve concorrer. Se a pessoa não tem a intenção de concorrer e retira seu nome da disputa, claro, cada um tem seus motivos particulares, mas eu estou num sistema democrático, disputando a convenção e há a disposição de disputar com qualquer nome que surja", afirmou o filho do ex-presidente tricolor.
Antes de ser pré-candidato, ele apoiava Alves na candidatura, mas sustenta que que quando sua possível pré-candidatura foi colocada em pauta passou a ter incentivo de vários conselheiros e entendeu ser natural sua entrada na convenção. Ele também afirmou ter procurado Homerinho antes de lançar sua pré-candidatura. "Liguei para ele antes de decidir pela minha candidatura. Liguei quando começaram a surgir as primeira conversas. Perguntei o que ele achava, falei com ele por duas vezes de uma forma são-paulina. Ele é um excelente nome, já prestou muitos serviços para a instituição, continua prestando até hoje. Um cara que respeito muito, então o Homero foi um dos primeiros a saber que eu teria a intenção de concorrer. Conversamos duas vezes. Na segunda, ele deu a entender que, eu concorrendo, ele desistiria. Eu o incentivei a concorrer, mas ele optou por desistir. Com o Blum não falei ainda, mas estou aberto a falar com qualquer conselheiro do São Paulo, de qualquer lado político", disse Marcelinho na última sexta (26).
Por mensagem pelo celular, Blum afirmou que não daria entrevista. O conselheiro apenas confirmou que havia retirado seu nome da convenção para definir o candidato oposicionista à presidência do conselho. A situação lançou o nome de Olten Ayres de Abreu Júnior.
Dois opositores ouvidos pelo blog acreditam que a crise deve ter mais desdobramentos na oposição. Situacionistas comemoram o episódio como uma fratura precoce no time adversário. Historicamente, é importante nos clubes o presidente da agremiação ter no comando do Conselho Deliberativo um aliado político.
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