Medo de ficar longe dos filhos e grana a receber: Jô se defende do Nagoya
O receio de Jô de ficar longe dos filhos durante a pandemia de Covid-19 e uma disputa financeira que pode chegar a por volta de US$ 2 milhões (R$ 10,69 milhões) estão o no centro da disputa que o Nagoya Grampus iniciou com o atacante na Fifa. Em nota, o clube japonês afirmou neste domingo (21) que a rescisão do contrato do jogador foi por "razões justificáveis" e que levará o caso para a Câmara de Resoluções de Disputas da federação internacional.
Segundo Breno Tannuri, advogado do atacante apresentado como reforço do Corinthians, os japoneses já acionaram a Fifa cobrando uma multa de aproximadamente US$ 2 milhões. Além de se defender, o brasileiro vai cobrar quantia que deveria ter recebido no final de abril como última parcela de seu salário, que era pago em montantes anuais. O compromisso terminaria em dezembro. A quantia original é de aproximadamente US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões). Porém, desse valor será descontado o montante que o atacante receberá até dezembro de 2020 em seu novo acordo com o alvinegro, válido por três anos. Ainda segundo o defensor do atleta, o Corinthians não é parte do processo e não deve ter problemas para registrar o jogador quando a janela para inscrições internacionais for aberta.
De acordo com o advogado, o Nagoya alega que Jô desrespeitou ordem verbal do clube para ficar no Japão durante a pandemia de Covid-19 e que, pelo fato de ele ser reincidente, na versão dos dirigentes, rescindiu o contrato unilateralmente, por justa causa.
Tannuri diz que seu cliente voltou para o Brasil com medo de ter dificuldades para rever os filhos por conta da crise sanitária mundial. "O campeonato estava suspenso, o clube disse que não haveria treinos por pelo menos 15 dias e pediu para todos ficarem no Japão. Jô explicou que ele e sua mulher tinham deixado os (dois) filhos no Brasil. Existia a expectativa de a fronteira ser fechada. Já não tinha voo direto para o Brasil. Eles tiveram medo de ficar muito tempo longe dos filhos e vieram para o Brasil. Compraram uma passagem primeiro para Holanda", afirmou o advogado.
Segundo ele, no final de abril, o clube enviou uma notificação ao jogador afirmando que Jô deveria estar no Japão. O atleta, então, segundo essa versão, informou ao Nagoya que tinha comprado passagem e que em poucos dias estaria no país asiático. "Ele chegaria numa segunda-feira, no sábado, o clube rescindiu o contrato dele, mesmo sabendo que ele estava preparando a volta", declarou Tannuri.
Em sua nota, o clube japonês não explicou os motivos da rescisão. De acordo com o advogado do brasileiro, o atleta deveria receber, assim que chegasse ao Japão, a parcela de aproximadamente US$ 1 milhão. Com o contrato desfeito por vontade da agremiação, não houve pagamento.
"Vamos explicar (na ação) que ele voltou ao Brasil por causa dos filhos. Era uma situação difícil, de pandemia, ninguém sabia o que aconteceria. E também vamos mostrar que o clube não teve prejuízo já que não houve jogos nesse período. Vamos entrar com uma ação para cobrar o dinheiro que ele não recebeu, descontando a quantia que ele vai receber (até a data em que valeria o trato com os japoneses) no contrato com o Corinthians", declarou. O blog apurou que o acordo de Jô previa, no total, o pagamento de aproximadamente US$ 4 milhões (R$ 21,38 milhões), dos quais foram pagos cerca de US$ 3 milhões ( por volta de R$ 16 milhões).
Jô é considerado reincidente pelo Nagoya porque, no final de janeiro, ele foi para o Rio de Janeiro fazer tratamento para se recuperar de uma contusão. "Ele sofreu uma lesão, e o treinador disse que Jô não viajaria com o time para pré-temporada. Jô respondeu que o clube estava levando na viagem o fisioterapeuta que antes era pessoal dele (o atleta levou o profissional para o Japão, e ele acabou integrado ao clube). Jô disse: 'vocês vão levar o meu fisioterapeuta, e eu vou ficar com o estagiário? Não'. Então, ele foi para o Brasil trabalhar com o melhor. O que ele fez foi o melhor também para o clube. Não houve dano para o Nagoya", disse o advogado.
No Rio, o atacante ficou sob os cuidados de Márcio Tannure, chefe do departamento médico do Flamengo. No retorno ao Japão, ele perdeu dois jogos porque, de acordo com seu advogado, não estava totalmente recuperado. A defesa de Jô está sendo elaborada e deve ser apresentada à Fifa em julho.
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