Justiça vê indício de conluio envolvendo Corinthians, Penapolense e agentes
Com Pedro Lopes, do UOL em São Paulo
Decisão da Justiça de São Paulo, em primeira instância, aponta indícios de conluio na operação de compra de Marlone envolvendo Corinthians, Penapolense e empresários em 2015. O imbróglio é objeto de uma ação de cobrança avaliada em cerca de R$ 2,1 milhões, movida pela Penapolense contra o Corinthians, alegando calote no pagamento de parte do valor da transferência do jogador.
O caso começou simples: a Penapolense acionou o Corinthians na Justiça, alegando falta de pagamento de parte dos valores da contratação – Marlone estava registrado pelo clube do interior de São Paulo quando a operação aconteceu. Uma série de terceiros, entretanto, com os quais a Penapolense tinha dívidas trabalhistas, peticionaram no processo e conseguiram penhorar parte expressiva dos valores que viessem a ser pagos pelo alvinegro.
Investidores entraram na ação afirmando que eram eles, e não a Penapolense, os verdadeiros detentores dos direitos econômicos de Marlone, e a quem o Corinthians deveria pagar os R$ 2,1 milhões. São eles Fernando Garcia, por meio da empresa Luis Fernando Assessoria Esportiva, a GT Sports Assessoria Esportiva e o empresário Marcus Vinicius Sanchez Secundino. Embora seja a autora da ação, a Penapolense não contestou a alegação.
Desde maio de 2015 investidores estão proibidos, no Brasil, de serem detentores de direitos econômicos de jogadores, mas os contratos anteriores à proibição ainda são válidos. Os investidores alegam que adquiriram os direitos de Marlone antes da proibição. Fernando Garcia tem influência na Penapolense, e muitos de seus clientes passam pelos registros do clube do interior.
O UOL Esporte apurou que os investidores teriam registrado o jogador como forma de mantê-lo vinculado a um clube e não correr o risco de perderem o investimento feito no atleta. O Corinthians, na ação judicial, alega que não pagou por estar com problemas de caixa em virtude da pandemia do novo coronavírus e por aguardar a definição se deve pagar aos empresários ou à Penapolense.
O juiz responsável pelo caso, entretanto, não aceitou as alegações. Na última decisão, desta semana, determinou que o Corinthians pague a dívida, e ameaçou abrir um inquérito criminal por desobediência. O magistrado também questiona a postura da Penapolense: "manifeste-se o exequente PENAPOLENSE quanto ao prosseguimento da cobrança. Sob pena de reconhecimento de CONLUIO com o executado CORINTHIANS e também aplicação ao exequente PENAPOLENSE da MULTA por ato atentatório à dignidade da justiça ("atempt of Court") prevista no CPC 77, §1º, considerando que faz quase UM ANO que o CORINTHIANS está confessadamente inadimplente em relação ao acordo de fl. 120/122, em valor expressivo de mais de R$2.100.000". A decisão ainda exige que o clube do interior explique porque não adota medidas contundentes para cobrar o Corinthians.
Procurado pela reportagem, o advogado da Penapolense, Aldo Giovani Kurle, afirmou que não poderia comentar o processo em andamento.
Procurado, Fernando do Garcia disse não saber sobre o processo e sugeriu que a reportagem procurasse o Corinthians. Por sua vez, o clube afirmou, por meio de seu departamento de comunicação, que prefere não se pronunciar por se tratar de uma ação que envolve terceiros.
Vale lembrar que Fernando Garcia é ex-conselheiro do Corinthians e irmão de Paulo Garcia, provável candidato à presidência do clube no final do ano.
Integrantes da oposição alvinegra questionam o fato de Fernando ter longo histórico de negociações com o Corinthians desde a primeira passagem de Andrés pela presidência. O empresário é amigo do atual presidente.
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