Presidente do Conselho Fiscal vê Corinthians em situação calamitosa
A situação financeira do Corinthians é calamitosa nas palavras do presidente do Conselho Fiscal do clube, Haroldo José Dantas da Silva.
Em entrevista ao blog, ele detalhou os motivos que levaram o órgão a recomendar ao Cori (Conselho de Orientação) e ao Conselho Deliberativo a reprovação das contas referentes ao ano passado.
O órgão também recomendou a não aprovação do balanço. Haroldo disse ainda que fatos mais graves podem ser descobertos se o conselho instalar a sindicância solicitada pelo Conselho Fiscal.
A investigação teria o objetivo de esmiuçar a operação na qual o alvinegro contraiu uma dívida milionária com o JMalucelli pela venda de Jucilei.
"O clube está numa situação calamitosa. A situação que já era praticamente insuportável, agora vai ficar ainda mais complicada", afirmou Haroldo.
Ele se refere a um possível aumento de R$ 18.456.000 no déficit apresentado no balanço do clube relativo ao ano passado e que era de cerca de R$ 177 milhões.
Pelos cálculos do Conselho Fiscal, o valor correto do déficit pode chegar a pelo menos R$ 195.476.000. O aumento acontece, na análise do órgão, por conta de uma cobrança Judicial feita pelo JMalucelli e que não teria sido relatada no balanço financeiro corintiano.
Em junho, o JMalucelli conseguiu na Justiça um bloqueio de R$ 23 milhões nas contas do Corinthians alegando o descumprimento de um acordo firmado em 2019 pelo qual o alvinegro se comprometia a pagar R$ 17,9 milhões referentes à venda de Jucilei para o Anzhi, da Rússia, em 2011. Ao tomar conhecimento de tal fato, o Conselho Fiscal ouviu dois representantes da empresa que auditou o balanço do clube.
"Eles nos disseram que essa operação não aparece no balanço porque eles nāo foram informados sobre ela. Então, recomendamos a reprovação das contas e do balanço e pedimos a abertura de uma sindicância para apurar o que aconteceu", afirmou Haroldo.
O presidente do Conselho Fiscal diz acreditar que a sindicância pode encontrar fatos graves que possam gerar o pedido de impeachment de Andrés Sanchez. O mandato do presidente termina no final deste ano.
Porém, a sindicância não é o único risco para Andrés. O estatuto corintiano diz que a reprovação das contas é um dos motivos para a abertura do pedido de impeachment. O balanço já estava na mira de conselheiros da oposição por conta da diferença entre a previsão orçamentária, que projetava superávit de R$ 650 mil, e o déficit anunciado (aproximadamente R$ 177 milhões).
O Conselho Deliberativo analisará o parecer dos conselheiros fiscais antes de votar as contas. "Nossa decisão protege o clube, que pode sofrer sanções previstas no Profut (programa de refinanciamento das dívidas fiscais das agremiações), se forem apresentadas irregularidades no balanço. Se os órgãos internos tomam as devidas providências, o clube não pode ser punido", disse Haroldo.
Direção nega irregularidades
A diretoria corintiana nega irregularidades na prestação de contas. O diretor financeiro Matias Antonio Romano de Ávila não quis comentar as declarações de Haroldo. Porém, como mostrou o blog, ele define a situação financeira do clube como tranquila.
"Só o que posso dizer é que com a receita prevista para 2020 e com as vendas de jogadores que já foram feitas, o Corinthians vai ter um ano tranquilo", disse o diretor financeiro, apesar das dificuldades para pagar as remunerações dos jogadores em dia. Os cartolas apontam problemas de fluxo de caixa que, de acordo com eles, serão sanados no segundo semestre.
Internamente, o discurso da direção corintiana é de que a dívida com o JMalucelli está contabilizada no balanço de 2019, mas em seu valor principal: cerca de R$ 7 milhões, na versão dos cartolas. Juros que fazem parte de um acordo de parcelamento não teriam entrado conta sob o argumento de que não seriam pagos em 2019.
Também nos bastidores, a direção corintiana afirma ter ter acertado em um novo acordo valor inferior aos 23 milhões pedidos inicialmente pelo JMalucelli.
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