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Se Corinthians e Palmeiras forem eliminados nas semifinais será vexame?

Perrone

31/07/2020 11h47

Azarão nas brigas por vagas nas quartas de final e nas semifinais do Paulista, o Corinthians agora é o mais favorito para chegar à decisão estadual na opinião deste blogueiro. O Palmeiras tem o favoritismo no duelo contra a Ponte Preta, mas a vantagem teórica do alviverde é menor do que a do alvinegro do outro lado da disputa.

Nesse cenário, se o Corinthians perder para o Mirassol será um vexame, como foi para o São Paulo. Mas, se o Palmeiras for eliminado pela Ponte Preta não chamarei de fiasco, a menos, claro, que seja por goleada.

O que diferencia a análise sobre a condição dos rivais da capital nas semifinais é a situação dos adversários. O Mirassol está em frangalhos, perdeu quase que seu time todo durante a parada por conta da pandemia de Covid-19 e levou um grupo sem o mínimo de entrosamento para enfrentar o São Paulo. Surpreendentemente ganhou, mas não vai ganhar muita estrutura tática até domingo, quando faz sua semifinal.

O time de Tiago Nunes fez uma péssima primeira fase, chegou a ver o fantasma do rebaixamento no retrovisor, mas com esforço e a decisiva ajuda do São Paulo na última rodada chegou às quartas de final.  Superou sem sustos o Red Bull Bragantino, um dos melhores times da competição. Fez isso mostrando uma pequena evolução. Seus gols (um no primeiro minuto com falha de Júlio César, seu ex-goleiro) e outro de Jô, de cabeça, refletem treinos bem feitos. Para abrir o placar logo de cara é preciso concentração. Isso não cai do céu, assim como gols de cabeça, especialmente em jogadas de bola parada. Tem trabalho aí.

Quando o Red Bull cansou, no segundo tempo, o Corinthians mostrou mais organização do que durante a maior parte do Campeonato Paulista, e assegurou a vitória por 2 a 0. Na minha opinião, Tiago Nunes está acertando mais nos mata-matas do que acertou na primeira fase. Acertou, por exemplo, em transformar Éderson em titular. A equipe finalmente ganhou a chegada decisiva de um volante ao ataque. A aposta em Jô, completamente sem ritmo de jogo, deu certo. Ele poderia ter jogado sem um centroavante raiz, mas sua opção funcionou. A tendência é haver mais uma pequena evolução até domingo. Assim, é possível deixar de rotular a o time de Itaquera como favorito disparado diante do remendado Mirassol.

Na outra semifinal, o Palmeiras tem muito mais elenco do que a Ponte Preta. Vanderlei Luxemburgo possui um cardápio de variações táticas que poucos treinadores do país têm. Mas, a vitória por 2 a 0 sobre o Santo André, com um gol no final, mostrou a capacidade que o tempo sem futebol tem de diminuir a diferença técnica entre as equipes, por melhor que tenha sido a primeira fase do time do ABC paulista.

O jogo mostrou também como os palmeirenses sentem a falta de Dudu. A equipe se defende bem, troca passes com eficiência, mas não sabe o que fazer com a bola quando chega perto da área adversária. Falta alguém decisivo, seja na finalização, no drible que abre espaços na defesa ou na assistência. Esse pacote diminui a vantagem teórica do Palmeiras sobre a Ponte Preta. Assim, ouso dizer que não será um vexame uma eventual eliminação da equipe de Luxemburgo.

Você pode estar pensando: "mas a Ponte correu o risco de ser rebaixada. Um time com a grana do Palmeiras perder para uma equipe modesta é vexame, sim". A questão financeira é importante, sim. Mas, apesar de todos os problemas, a equipe de campinas é organizada, tem jogadores experientes. É verdade que passou pelo Santos com uma enorme ajuda de Marinho, expulso. Mas, quando ficou com um a mais provou saber explorar espaços e ter alguma qualidade. É pouco para dizer que não há favorito no embate com o Palmeiras. Mas, como esse momento de retomada tende a diminuir diferenças técnicas e a valorizar o preparo físico, é o suficiente para dizer que não seria um vexame a eventual eliminação alviverde.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.