Opinião: greve de jogadores do Corinthians seria legítima
Na semana passada, antes do jogo com o Goiás, os jogadores do Corinthians se reuniram para gravar um vídeo no qual Cássio desmente que o elenco estivesse planejando uma greve por conta dos salários atrasados. A gravação, na opinião deste blogueiro, revela uma realidade distorcida. Nela, quem deveria cobrar explicação aparece para se explicar.
Não seria absurdo se os jogadores resolvessem cruzar as pernas. Não é crime exigir receber pagamentos atrasados. Já são três meses de atrasos.
No vídeo, não há ninguém da diretoria para tomar a palavra e explicar a situação. A direção tinha a obrigação de agradecer publicamente aos atletas pela compreensão.
Na semana retrasada, a diretoria esperava pagar dois meses de salários atrasados. Depois, a projeção mudou para a semana passada. A previsão agora é de que o acerto aconteça na próxima terça, às vésperas do jogo com o Palmeiras, marcado para quinta.
Outro pagamento de salários atrasados foi feito também antes do duelo com o alviverde ainda pela primeira fase do Paulista. A coincidência é chata. Fica parecendo que é bom pagar antes do derby para o time correr mais.
É compreensível que o clube tenha dificuldades financeiras por conta da paralisação do futebol brasileiro em virtude da pandemia de covid-19. Se bem que a situação nas finanças corintianas já era crítica antes disso.
O que é difícil de compreender é como os cartolas ainda não têm dinheiro na mão para acertar com os atletas após venderem Pedrinho e Carlos Augusto.
A negociação com o Benfica por Pedrinho se revelou desastrosa. O clube brasileiro concordou em adiar o pagamento da primeira parcela, que seria feito no mês passado, para agosto de 2021. Enquanto os jogadores esperam, a diretoria busca antecipar o pagamento integral junto a uma instituição financeira estrangeira. Além disso, o alvinegro topou reduzir o valor da venda de 20 milhões de euros para 18 milhões de euros por não comprar Yony González.
Enquanto os salários atrasados não são pagos, vemos os jogadores corintianos abandonados.
A torcida desce a lenha na qualidade do elenco, com razão. Tiago Nunes não usa sua voz publicamente para lembrar que os caras, assim como ele, não recebem em dia. A cumplicidade entre comissão técnica e atletas faz parte da construção de um time vencedor. É obrigação do treinador proteger seus comandados.
E a diretoria age como se fosse um probleminha. Não é. Atrasos desse tamanho não fazem parte da história corintiana.
O presidente Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves, diretor de futebol e pré-candidato da situação à presidência do clube, deveriam gravar um vídeo se justificando no lugar dos jogadores.
A comemoração pela venda dos naming rights da arena não tira deles a responsabilidade de acabar com o indecente atraso salarial e de se desculpar publicamente com o elenco, o que seria uma forma de proteger os atletas.
Sem respaldo de ninguém, o elenco corintiano merece elogios. Apesar do fraco desempenho, tem sido heroico por entrar em campo, correr e tentar vencer, mesmo sem receber em dia.
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