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Eliminação do SPFC ofusca maior crise de time paulistano: a do Corinthians

Perrone

01/10/2020 08h36

A eliminação do São Paulo na fase de grupos de Libertadores ofusca a maior crise de um clube paulistano no momento: a do Corinthians.

Ser eliminado numa chave que tem River Plate e LDU não pode ser considerado um vexame, na opinião deste blogueiro.

Porém, ser dominado em casa na maior parte do jogo pelo Atlético-GO e terminar a partida a dois pontos da zona de rebaixamento do Brasileirão é um fiasco. Assim como é uma vergonha um time com folha salarial (constantemente atrasada) de cerca de R$ 11 milhões mensais vencer só três de 12 jogos no Nacional.

No caso são-paulino, parece pesar muito mais a falta de títulos dos últimos anos do que a fotografia de momento. A irregularidade do time é, de fato irritante para o torcedor.

O elenco deveria render muito mais. Porém, a chance de rebaixamento no Brasileirão não habita a mente nem do mais pessimista dos torcedores. Terceira colocada, a equipe do Morumbi está viva na briga pelo título.

Apesar da falta de regularidade, o São Paulo tem uma ideia de jogo definida, diferentemente do Corinthians, que não conta nem com um treinador definido.

Se o são-paulino sofre com Pablo, o que dizer do corintiano com Luan. Os tricolores que olharem para os alvinegros talvez tenham uma outra ideia do que é caos.

Enquanto o São Paulo perdia para o River Plate, resultado que está dentro da normalidade, o Corinthians via o Atlético-GO fazer 17 finalizações contra sua meta. Não é aceitável que o alvinegro sofra esse número de finalizações jogando em casa contra nenhum adversário, ainda mais finalizando menos (12 vezes)  Os números são do site especializado em estatísticas SofaScore.

Em termos comparativos, jogando fora de casa, contra o atual vice-campeão da Libertadores, o São Paulo sofreu 14 finalizações e fez 9.

Claro que o clube do Morumbi tem muito o que arrumar. Mas o trabalho é infinitamente maior no Corinthians, com uma qualidade de elenco inferior.

Um olhar mais apressado pode concluir que foi bom para o alvinegro ter as atenções da imprensa e das redes sociais desviadas pela queda são-paulina na Libertadores.

No entanto, quem presta mais atenção vê que não foi uma boa. Se o foco estivesse todo no alvinegro, talvez sua diretoria levasse o choque necessário para perceber que a situação é grave e que não permite testes com um treinador novato, mesmo Coelho tendo bom potencial. A direção corintiana parece contagiada pela sonolência de seus jogadores. Se os cartolas não acordarem, não haverá derrota de rival que disfarce seus graves erros.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.