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Em dois anos, administração Marin na CBF acumula ao menos oito vexames

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19/04/2014 09h49

Em dois anos, a administração José Maria Marin na CBF coleciona uma série de vexames. A maioria mostra como o cartola não está nem aí para o que os outros pensam. Leia abaixo, sem esquecer que o futuro presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, prometeu dar continuidade ao trabalho.

1 – Aumento

Pouco depois de assumir a presidência, na cara de pau, Marin aumentou seu próprio salário. A remuneração pulou de aproximadamente R$ 90 mil para cerca de R$ 160 mil.

2 – Assessor

O presidente criou o cargo de assessor especial para seu guru, Marco Polo Del Nero, que passou a ganhar aproximadamente R$ 130 mil mensais.

3 – Boca livre

Em maio de 2012, na véspera da assembleia que escolheria seu substituto como vice da CBF, Marin organizou um jantar para presidentes de federações. O cartola estava em campanha por Del Nero e enfrentava um grupo oposicionista. O encontro soou como ação eleitoreira.

4 – Voo da alegria

Em campanha pela eleição de Del Nero para a presidência da Confederação, Marin convidou todos os presidentes de federações, com direito a acompanhante, para assistirem ao jogo de abertura da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão, em Brasília. O pacote dava direito a passagens aéreas e estadia em hotel cinco estrelas.

5 – Grampeado

Gravação disponibilizada no Youtube, em março de 2013, mostra voz que parece ser de Marin disparando críticas contra o ministro do Esporte. Aldo Rebelo é descrito como um político que não tem liberdade com a presidente Dilma Rousseff e pessoa com "raciocínio mais demorado". Um mês depois, outra gravação com a mesma voz mostra o que seria a estratégia de Marin para convencer presidentes de federações a votar como ele quer nas assembleias da CBF.  "Tem até que dar de comer para os caras para não te agredirem " e "tem que fazer o teatro na véspera" são algumas das afirmações registradas. A voz atribuída a Marin também fala que mandou comprar uísque e que marcou o encontro num restaurante mais fino do que a churrascaria que Ricardo Teixeira costumava usar. Nas duas ocasiões, a assessoria de imprensa de Marin disse que se tratava de manipulação grosseira de áudio e que o caso seria tratado como crime.

6 – Braços cruzados

Em 2013, a cúpula da CBF tratou com desprezo o movimento Bom Senso FC. Bateu boca com os líderes dos jogadores e passou a conviver com a ameaça de greve no final do Brasileiro do ano passado.  A pralisação continua me pauta.

7 – Medo da Copa?

No último dia 16, eleição na CBF elegeu Del Nero como presidente, mas ele só vai assumir o cargo no ano que vem. A esdrúxula situação é resultado de uma antecipação do pleito, que antes poderia acontecer entre outubro de 2014 e abril de 2015. A mudança, feita no fim da gestão de Ricardo Teixeira, evita, por exemplo, que Del Nero, perca votos em caso de fracasso da seleção na Copa do Mundo.

8 – Caso Lusa

Apesar de ter mecanismos para impedir que um atleta irregular entre em campo, Héverton, da Portuguesa, atuou suspenso na última rodada do Brasileirão. A falha provocou o rebaixamento da Lusa no STJD e abriu uma ameaça jurídica sem fim para o campeonato de 2014. O imbróglio teve lances como a um contrato de antecipação de receitas por parte da CBF que a Lusa acabou não assinando. Pela proposta, ela aceitaria disputar a Série B. O caso culminou com a Portuguesa deixando o campo antes de sua estreia na segunda divisão, nesta sexta, contra o Joinville, escoarada em liminar obtida por um torcedor, num dos maiores vexames da história do Nacional.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.