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Torcidas driblam polícia ao trocar rede social por rádio para marcar brigas

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26/08/2014 06h00

Marcar brigas pela internet é coisa do passado para as torcidas organizadas. Os confrontos passaram a ser combinados em celulares que funcionam também como rádios de comunicação, de acordo com informações da polícia e do Ministério Público de São Paulo.

"A informação que eu tenho, de alguns meses, passada pela polícia, é essa. As torcidas estão usando rádio para marcar brigas. Isso não impossibilita a ação policial, mas dificulta mais", afirmou ao blog o promotor Roberto Senise Lisboa.

As redes sociais vinham sendo monitoradas por policiais, por isso deixaram de ser seguras para as uniformizadas. Assim, os rivais passaram a se comunicar por rádio. Pelo código de procedimento das organizadas, em briga marcada e sem armas de fogo não há traição.

Só em 14 dias de agosto foram três grandes confrontos: santistas x corintianos, palmeirenses x corintianos e são-paulinos x santistas. Um palmeirense morreu no duelo com torcedores do Corinthians.

A batalha entre santistas e corintianos, em volta da Vila Belmiro, é a que tem mais indícios de ter sido combinada previamente. Os dois lados se encontraram já armados de pedaços de pau. Pouco menos de uma hora antes de o jogo começar, aconteceu perto do local da briga o que parecia ser um julgamento de corintianos que teriam corrido dos santistas. Uma roda se formou e um dos torcedores, gritando com os demais, agrediu dois deles, que não reagiram, como se aceitassem a punição. Em seguida, a polícia militar dispersou a roda com violência, mas não deteve ninguém.

"Fora do estádio, a violência aumentou, mas dentro está sobre controle. Agora, a torcida do Santos que não tinha histórico muito grande começou a se envolver mais em brigas. Além das tradicionais que se envolviam em brigas, temos mais uma", afirmou Senise.

Apesar dos três confrontos, até o final da tarde de ontem a Federação Paulista ainda não havia recebido informações da Polícia Militar que permitissem sanções como o veto aos brigões nos estádios. O Ministério Público também espera informações para definir quais medidas adotará.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.