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Itaquerão sofre processo de "Pacaembuzação"

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13/10/2014 06h00

Sem cadeairas, setor das torcidas organizadas em Itaquera se assemelha ao Pacaembu

Sem cadeiras, setor das organizadas em Itaquera se assemelha ao Pacaembu

Quando deixou o Pacaembu pela última vez a torcida corintiana acreditou que estaria livre de antigos problemas. Mas assistir aos jogos do time na arena do clube, em Itaquera, tem algumas semelhanças. O fato de o Itaquerão ainda estar inacabado combinado com hábitos que os torcedores não abandonam desencadearam um processo que já é chamado por alguns no clube de "Pacaembuzação" da arena. Confira abaixo o que lembra o Pacaembu na casa nova.

 

Cimento – As torcidas organizadas do clube pediram antes mesmo da construção do novo estádio que não fossem colocadas cadeiras em seu setor. Assim, depois da Copa do Mundo, os assentos foram retirados do setor norte, onde elas ficam. O aspecto lembra o Pacaembu e fere o conceito arquitetônico do projeto.

Torcedores assistem a jogo em Itaquera na escada, como no Pacaembu

Torcedores assistem a jogo em Itaquera na escada, como no Pacaembu

Escadas – Parte dos torcedores que chega tarde aos jogos não procura lugares vazios. Assiste à partida em pé nas escadas, dificultando a passagem de quem precisa circular por lá. Esse era um problema comum no Pacaembu. Há também os que preservam hábito de acompanhar os jogos em pé atrás da última fileira de cadeiras, como faziam na arquibancada do estádio antigo, ficando na pequena parte coberta.

Chuva – O fato de torcer para um time que joga em um estádio de cerca de R$ 1 bilhão não livrou parte da torcida de tomar chuva até em setores caros. Isso acontece principalmente porque os vidros da ponta da cobertura ainda não foram instalados. Atrás dos gols, o projeto não prevê cobertura.

Estacionamento – Com as obras inacabadas, o clube ainda não pode oferecer as 2.549 vagas para carros previstas no projeto. Por enquanto, estão disponíveis apenas 300. O clube distribui, a cada jogo, adesivos que dão direito ao estacionamento para sócios mais assíduos do plano Meu Amor do programa de sócio-torcedor, imprensa e funcionários. Há mais pedidos do que vagas. Torcedores reclamam da dificuldade de conseguir o adesivo. Ou seja, até os estacionamentos ficarem prontos, quem não quiser usar o transporte público ainda deve encontrar algumas dificuldades para estacionar, como no Pacaembu.

Corintianos preservam hábito de assistir jogo atrás do último degrau

Corintianos preservam hábito de assistir jogo atrás do último degrau

Numerada– Quando soube que teria um estádio novo, parte da torcida que gosta mais de conforto logo imaginou que poderia escolher seu assento e sentar no lugar reservado. Não é bem assim. A maioria dos torcedores prefere escolher seu espaço na hora, como fazia no Pacaembu. O clube até dá duas opções para quem compra ingresso na internet. O torcedor pode escolher seu assento ou pegar um aleatoriamente. Quem reserva um lugar muitas vezes encontra alguém na sua cadeira. Funcionários do estádio prometem ajudar quem quiser sentar no local  que comprou, mas muitos desistem, temendo confusão.

Lanche – No Pacaembu, os torcedores reclamavam das poucas opções de alimentação e dos preços. Pouco mudou nos setores mais baratos do estádio, apesar de novos lanches no cardápio. Agora o torcedor pode escolher entre x-picanha (R$10), cachorro quente (R$ 8), pastel (R$ 7), pizza (R$ 8) e pipoca, além de amendoim e outras guloseimas vendidas por ambulantes que conseguem driblar a segurança e entrar na arena, como no Pacaembu. O clube já recebeu queixas sobre alimentos frios e trabalhou com a empresa responsável para melhorar o serviço. Um dos problemas alegados é que espaços para cozinha foram danificados durante a Copa do Mundo, prejudicando os trabalhos.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.