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Se com Dilma está ruim para a CBF, com Aécio pode piorar

Perrone

17/10/2014 12h00

Caso Dilma Rousseff seja reeleita presidente da República, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero vão continuar como estão: distantes do primeiro escalão do Governo Federal.

E se der Aécio Neves no segundo turno? Marin protagonizou uma homenagem ao senador do PSDB no Mineirão em 2013. E no último sábado o site da CBF divulgou que o candidato tucano à presidência telefonou duas vezes para o cartola. Um telefonema foi para desejar boa sorte à seleção brasileira, e o outro teve o intuito de parabenizar o time pela vitória no amistoso com a Argentina. Tais fatos sugerem que o atual presidente da confederação e Del Nero, seu sucessor a partir de abril, terão mais trânsito no Palácio do Planalto se Aécio bater Dilma. Mas não é bem assim.

Ainda que o candidato de oposição à presidência seja afável com os dois dirigentes, ele é apoiado por um pelotão de críticos e desafetos de Marin e Del Nero. Entre eles estão Ronaldo, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP) e Rodrigo Paiva, ex-diretor de comunicação da CBF. O tucano também tenta o apoio de Romário, um dos principais detratores da cúpula da CBF e eleito senador no Rio de Janeiro.

Parte dessa tropa tratou de minimizar as ligações de Aécio para Marin. O argumento é de que elas foram institucionais, para a seleção brasileira. Além disso, o senador ligava frequentemente com o mesmo intuito durante a Copa das Confederações e o Mundial. Nem sempre falava com Marin. Segundo gente com trânsito na CBF chegou a telefonar para Paiva a fim de falar com Felipão.

O ex-diretor de comunicação é amigo de Aécio há cerca de duas décadas. Ele foi demitido depois da Copa do Mundo após sofrer um longo e doloroso processo de fritura. Saiu magoado com Marin e Del Nero. Certamente não tem coisas boas para falar da dupla a Aécio.

Paiva apresentou Ricardo Teixeira e Ronaldo ao tucano. O ex-jogador mergulhou na campanha do mineiro e há quem aposte que ele seja convidado para participar do governo, em caso de vitória de Aécio. Durante sua participação no COL (Comitê Organizador Local da Copa), o Fenômeno se distanciou de Marin e Del Nero, ficando ao lado de Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa.

Se Ronaldo tem uma longa amizade com Aécio como lastro, Romário conta com o peso de mais de 4,6 milhões de votos que o levaram ao Senado. Seu partido, o PSB, já manifestou apoio ao candidato tucano. O ex-atacante, porém, ainda avalia se segue o mesmo caminho ou opta por ficar neutro.  Uma de suas prioridades é instalar a CPI da CBF.

Não seria a primeira investigação desse tipo enfrentada pela entidade. Em 2001, Sílvio Torres (PSDB-SP) foi relator da CPI da Nike na Câmara. Ele acaba de ser eleito deputado federal pelo partido de Aécio, assim como Álvaro Dias, reeleito para o Senado. Também em 2001, Dias presidiu a CPI do Futebol, que investigou a CBF.

Nesse cenário, caso seja eleito e se aproxime dos chefes da CBF, o mineiro irá desagradar uma legião de aliados.

Enquanto ao lado de Aécio há essa tropa contrária a Marin e Del Nero, no PT de Dilma está o agora deputado federal Andrés Sacnhez, o mais votado pelo partido do governo em São Paulo. Ele saiu da confederação com a certeza de que foi traído pela dupla e já faz forte oposição aos dois cartolas.

Assim, seja o próximo governo tucano ou petista, a previsão é de trovoadas na política para Marin e Del Nero. A bancada da bola, que conta com Vicente Cândido (PT-SP), reeleito deputado federal e sócio de Del Nero num escritório de advocacia, vai precisar de muito para-raio para proteger a dupla.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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