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Eliminação expõe troca de acusações no Corinthians

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16/10/2014 06h34

Ao sair do gramado após a derrota por 4 a 1 para o Atlético-MG, Cássio disse que existem jogadores que não estão preparados para defender Corinthians. O desabafo começou a revelar uma troca de acusações que se arrastava internamente no clube por causa da irregularidade do time. Parte da comissão técnica vinha reclamando nos bastidores da qualidade dos jogadores contratados, enquanto uma ala da diretoria se queixava do trabalho de Mano Menezes.

Depois do goleiro, Mano afirmou em entrevista coletiva que não iria transferir responsabilidades se queixando do elenco. Mas não se conteve e declarou que faltam jogadores experientes no banco em alguns setores. Apesar de tomar cuidado para não ferir a diretoria, o treinador deixou no ar uma ponta de insatisfação ao dizer que "tomamos algumas decisões e sabíamos os riscos delas".

O técnico também afirmou que o time, por sua formação, tinha mais chances de ser campeão num torneio de mata-mata do que em campeonato de pontos corridos em que é exigida maior regularidade. Ou seja, existe fragilidade técnica.

Todas essas justificativas são rebatidas por parte da direção alvinegra, apesar de Mário Gobbi parecer estar disposto a morrer abraçado com o técnico. Para esses dirigentes, Mano teve cerca de dez meses para acertar a equipe e não o fez. Na opinião deles, se o elenco tem carência o treinador deve ser responsabilizado, afinal avalizou os reforços e de tudo que pediu praticamente só não teve Nilmar. A conclusão é que um técnico remunerado com aproximadamente R$ 600 mil mensais tem a obrigação de fazer um grupo no nível do que o Corinthians tem brigar pelos títulos da Copa do Brasil e do Brasileiro.

Os insatisfeitos asseguram que Mano prometeu que arrumaria o time se Jadson fosse contratado. Hoje, o meia é pouco aproveitado. Garantem também que ele afirmou mais tarde que seria Elias o responsável por arrumar a equipe, motivando o clube a gastar o que não tinha pelo jogador. Mesmo com o reforço, o Corinthians não decolou.

Agora o desastre no Mineirão joga mais lenha na fogueira. E deixa no fogo atletas como Fágner, Felipe e Anderson Martins, além de Ferrugem e Lodeiro, que nem estavam em campo. Eles fazem parte do pacote que vinha sofrendo críticas de defensores de Mano Menezes e da tese de que o treinador não tem culpa se falta qualidade ao elenco.

Assim, a inesperada eliminação nas quartas de final da Copa do Brasil ameaça despedaçar o grupo numa guerra em que cada um busca defender a sua pele. Mano deu sinais de que quer evitar essa desgraça maior. Mas também demonstrou dificuldade para executar essa missão.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.