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Pelo menos 3 morreram em 7 brigas de torcida em SP neste ano. E nada muda

Perrone

20/10/2014 09h26

Só em 2014 pelo menos três torcedores morreram em sete brigas entre torcidas organizadas de São Paulo. Os relatos e imagens de alguns dos confrontos mostram que a cada dia eles estão mais violentos. Mesmo assim, pouca coisa muda no combate à violência e na relação dos clubes com as torcidas.

Odílio Rodrigues, presidente do Santos, por exemplo, defende publicamente o auxílio às organizadas, principalmente com transporte para que seus torcedores acompanhem o time. Ele foi um dos primeiros dirigentes a se recusar a assinar um acordo com o Ministério Público cortando a ajuda.

A vítima mais recente dessa guerra é um palmeirense morto ao ser atropelado em confronto com torcedores santistas que teriam sofrido uma emboscada na rodovia Anchieta neste domingo. As duas torcidas já tinham se enfrentado neste ano quando as duas equipes jogaram em Santos.

Durante o Campeonato Paulista,um santista morreu espancado por são-paulinos. Outra morte, de um palmeirense, foi registrada em agosto numa batalha com corintianos em Franco da Rocha.

Os corintianos também se envolveram numa violenta briga com Santistas na Vila Belmiro antes do duelo entre as duas equipes pelo primeiro turno do Brasileiro. A confusão deixou feridos. Em outra briga neste ano, torcedores são-paulinos foram espancados em frente à estação Luz do Metrô, mas os agressores não foram identificados. Os são-paulinos também se envolveram numa luta com santistas sem vítimas fatais.

Enquanto a diretoria do Santos admite colaborar com as organizadas, a do Palmeiras está rompida com elas e cortou os benefícios. Por sua vez, as direções de São Paulo e Corinthians negam darem auxílio. Porém, Mário Gobbi, presidente corintiano, aceitou receber torcedores uniformizados que pediam a demissão de Mano Menezes. Isso depois de organizadas do clube protestarem no CT do time. E também após o alvinegro ser punido com multa e perda de mando de um jogo por causa de briga entre uniformizadas do Corinthians em Itaquera.

Se os dirigentes não mudam de comportamento, as autoridades de segurança pública também não demonstram uma ação preventiva mais eficiente para evitar as brigas em dias de clássico como, por exemplo, testar jogos só com a torcida mandante.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.