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Ex-diretor do Santos rebate crítica de Laor

Perrone

28/10/2014 17h35

Em novo round na guerra política do Santos, Pedro Luiz Nunes Conceição, ex-diretor de futebol do clube, disparou e-mail para conselheiros respondendo a críticas que sofreu recentemente. Elas foram feitas por Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, o Laor, ex-presidente santista, em programa da ESPN.

Laor afirmara que o diretor de futebol do clube entre 2010 e 2011 (Conceição) não entendia nem 1% de futebol.

No texto remetido a conselheiros, Conceição diz que o ex-presidente era adepto do caos administrativo, pois não exigia respeito à hierarquia, era apaixonado pelos holofotes e intolerante a críticas. Afirma também que Laor adota a filosofia do "Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam!".

Luiz Alvaro apoia Fernando Silva, um dos candidatos de oposição à presidência do clube na eleição de 6 de dezembro. Por sua vez, Conceição está com empresário Nabil Khaznadar, candidato da chapa situacionista, "Avança, Santos".

O blog telefonou para Laor, mas a pessoa que atendeu seu celular disse que eles estavam em consulta médica.

Leia na íntegra a mensagem de Conceição com críticas ao ex-presidente.

"Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam!

 Já ouvi, assim como o leitor, muitas histórias do futebol que acabam se tornando folclóricas, verdadeiras ou não. Uma delas versa sobre um técnico renomado, já falecido, que sempre assumia a responsabilidade das vitórias, dividia com os atletas os empates e jogava para seus comandados e/ou comandantes toda a responsabilidade sobre as derrotas. Por uma questão de respeito, já que o suposto já não está mais entre nós e não poderá defender-se, não vou citar seu nome.

Diferentemente das histórias do futebol, há os fatos e as suas testemunhas. Vou citar alguns fatos, do qual sou apenas uma das testemunhas oculares.

O mercado é o mesmo, o do futebol. As circunstâncias também, o personagem fica somente com o bônus, jogando o ônus para os outros. O personagem, além de estar vivíssimo, não é técnico, mas sim um ex-dirigente, que reprova a sua própria gestão. Parece um ato de humildade mas, como veremos, está longe disso.

Ele comandou um dos maiores clubes de futebol do mundo durante 2 gestões que, somadas, lhe garantiram 5 anos (60 meses) à frente dos destinos deste clube. Por motivos de saúde, licenciou-se em agosto de 2013, após cumprir 3 anos e 8 meses, ou seja, 44 meses ou 73% dos seus mandatos. Renunciou em julho de 2014, portanto, faltando cumprir apenas 5 meses.

Conhecido pela sua eloquência, por vezes conseguiu envolver seus ouvintes pela capacidadecriativa em multiplicar por dez a importância dos feitos realizados e em minimizar as consequências dos erros cometidos. Aos mais próximos, na vivência do dia a dia, mostrava-se cada vez mais intolerante com as críticas e apaixonado pelos holofotes. A quem ousou criticá-lo, ainda que de maneira transparente, respeitosa e reservada, o destino era o isolamento.

Adepto do caos administrativo, pois não exigia de nenhum dos profissionais sob o seu comando o respeito à hierarquia aos seus superiores, sempre dependendo da simpatia pessoal que nutria pelas pessoas, nunca cansou de conjugar todos os verbos na primeira pessoa: "Eu fiz, eu consegui, eu decidi, eu ganhei"…

Cego com o aparelhamento imposto à gestão por Parte do grupo político, no primeiro mandato de 2 anos, não se rendeu às evidências de que o desaparelhamento era necessário, até mesmo fundamental para o segundo e último mandato, este de 3 anos.

Hoje, 14 meses após o seu afastamento, 5 meses após a sua renúncia e às vésperas da eleição que ocorrerá no dia 06 de dezembro próximo, ele mais uma vez não resiste aos holofotes, reaparece em alto estilo, porém, de forma deselegante, traiçoeira e, desculpem, pouco inteligente: criticando a sua própria gestão.

Não sei dizer se é trágico, se é cômico, pois o seu retorno se dá para apoiar um candidato da oposição, que foi apenas um consultor de futebol do clube, por sinal muito bem remunerado, mas que se auto intitula diretamente responsável pelo sucesso do futebol do

Parece que o "eu ganhei, nós empatamos, eles perderam" continua a fazer seguidores. Neste caso, o cômico é que o ex dirigente que presidiu o clube de 2010 à agosto de 2013, defendeu em janeiro de 2012 que não se renovasse o contrato deste mesmo consultor de futebol, alegando razões inconfessáveis, no que foi seguido por todos os seus pares do Comitê de Gestão, por unanimidade.

Cômica também foi a recente aparição no programa Bola da Vez, na ESPN Brasil (olha os holofotes aí de novo, pessoal), ao afirmar que o "chefe" do consultor de futebol em 2010 e 2011 não entendia 1% (um por cento) de futebol.

Este ex dirigente, ultimamente adquiriu um olhar estranho. Dizem que os olhos são o espelho da alma. Se é assim, pode-se supor que sua doença foi além do coração e dos pulmões, cujas debilidades levaram-no primeiramente a licenciar-se e, em seguida, a renunciar ao cargo. Apesar de nossas divergências, que se agravaram no segundo mandato, sinceramente eu preferia que não tivesse sido assim. Desejaria que o ex-presidente não tivesse adoecido.

Agora, só desejo que sua saúde esteja totalmente restabelecida. A esta altura, por óbvio, todos já sabem que o ex dirigente e ex presidente ao qual me refiro

é o Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, mais conhecido como Laor. O consultor de futebol, hoje candidato, que se diz conhecedor de futebol, antes de ser consultor no Santos F.C. exerceu a mesma atividade no Santa Cruz do Recife, quando o clube estava na 4a divisão do futebol brasileiro. Depois de ser consultor no Santos F.C., apesar de entender muito de futebol, segundo ele e seu principal apoiador, passou a ser consultor no Monte Azul, da 4a divisão do futebol paulista.

Parece que o mercado do futebol ainda não descobriu o enorme talento deste consultor,apesar de ter sido o responsável , mais uma vez segundo ele próprio e seu principal apoiador, pelos títulos conquistados no Santos Futebol Clube em 2010 e 2011. A esta altura, por óbvio também, todos já sabem que o consultor e hoje candidato ao qual me refiro é o Fernando Silva.

Agora o trágico: não tendo o seu contrato de consultor remunerado renovado com o clube,Fernando Silva retornou ao seu lugar no Conselho Deliberativo, do qual estava licenciado. Foi o primeiro a puxar a fila do desaparelhamento político do clube. Com o passar do tempo, apesar da resistência de Laor, outros também foram desligados para dar sequência ao desaparelhamento. Como todos eram conselheiros licenciados, também retornaram aos seus lugares e no início deste ano de 2014 reprovaram as contas do clube de 2013. Logo eles, pagos religiosamente pelo clube com polpudos salários, juntamente com Fernando Silva, todos votaram pela reprovação das contas da gestão de Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, ele. Agora preciso revelar o que talvez não seja tão óbvio quanto a menção que fiz ao expresidente e ao atual candidato. O "chefe" do consultor de futebol ao qual o Laor se referiu no programa da ESPN, era em 2010 e 2011 o Diretor de Futebol do Clube, por coincidência eu mesmo, o que assina este texto.

Prefiro continuar sem conhecer nem 1% de futebol, do que ser um expert e o mercado não reconhecer as minhas qualidades, exceção feita a alguns clubes da 4a divisão. Mas posso garantir-lhes que com mão de ferro, como comandante de um grupo de trabalho coeso, do qual o já citado consultor de futebol fazia parte, GANHAMOS títulos inesquecíveis

Sem tragédia nem comédia, a vida e os fatos comprovam que certas pessoas só ganham algum destaque quando bem comandadas. Quando precisam comandar, demonstram não estar preparadas para a responsabilidade. É o caso de Fernando Silva. A vida e os fatos,  da mesma forma, nos ensinam que alguns valores pouco nobres são capazes de produzir cegueira assustadora. Como no caso do Luis Alvaro. O leitor agora, ouvidas todas as partes, poderá tirar suas próprias conclusões.

Saudações Alvinegras Santistas!

Pedro Luiz Nunes Conceição

(empresário, sócio do SFC há 36 anos, conselheiro do clube em 3 mandatos, diretor de futebol )

2010/2011 e membro do Comitê de Gestão de 2012 até agosto de 2013)

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.