Presidente corintiano jogou a favor de construtora da arena e contra clube
Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, jogou a favor da Odebrecht e contra o clube que ele preside ao atacar a prefeitura de São Paulo. Em nota oficial, o dirigente culpou o município pelo aumento insustentável da dívida com a construtora.
No documento, o cartola responsabiliza a prefeitura pelo fato de os Cids (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) não terem se transformado em dinheiro para a quitação da construção do estádio. A falta dessa receita é justamente um dos pontos usados pela construtora para se defender na briga travada com os corintianos nos bastidores.
Pelo menos desde 2013, as duas partes estão em atrito. O clube reclama de atrasos na obra e da suposta troca de material sofisticado por componentes mais baratos em muitos pontos do estádio. Nas reuniões, em sua defesa, a Odebrecht sustenta que foi afetada pela falta de dinheiro para tocar a obra. Primeiro, pela demora na liberação do financiamento do BNDES. Depois, pelo fato de os Cids ainda não gerarem a receita esperada.
Publicamente, Andrade validou o argumento da construtora na batalha interna. Foi como se tivesse dado razão a ela.
Além disso, o presidente eleito recentemente deixou a impressão de que não conhece o funcionamento dos Cids. São papéis emitidos pela prefeitura pra que o clube venda e arrecade R$ 400 milhões para pagar parte da obra. O comprador pode usar os certificados para quitar uma parcela de seus impostos municipais. Como se vê, o prefeito Fernando Haddad, diretamente atacado pelo dirigente, não tem culpa se o clube não consegue vender os papéis. Não é função do município negociar os Cids. Muito menos pressionar o Ministério Público para que desista da ação em que questiona a legalidade da lei que permitiu a emissão desses títulos para o Corinthians.
Pelo menos desde o final do ano, funcionários da Odebrecht e a direção do Corinthians conversavam sobre uma forma de pressionar a prefeitura para tentar conter o MP. Esse era um dos poucos pontos sem divergência.
A prefeitura já liberou Cids no valor de R$ 400 milhões e prevê a liberação do equivalente aos R$ 15 milhões restantes até o final do mês. Até agora nenhum dos papéis foi convertido em dinheiro, e a ação do MP é vista como um repelente de interessados.
Além de ferir o prefeito, o Corinthians publicou em seu site, na última terça, prestação de contas feita pela construtora com os gastos da obra. Dessa forma, referendou o valor cobrado pela Odebrecht (R$ 985 milhões), sem contar juros de empréstimos bancários (pelo menos R$ 80 milhões). Assim, ficou para trás uma antiga divergência entre clube e Odebrecht sobre os gastos.
Em 2013, o Corinthians chegou a contratar uma auditoria para verificar os custos apresentados pela construtora. Ela havia pedido um aditamento no contrato, alegando aumento das despesas e falta de recursos. Os auditores não concordaram com os valores. Avaliaram uma despesa inferior à apontada pela Odebrecht. Após muita discussão o aditamento foi assinado.
Agora, com prestação de contas reconhecida pelo clube e briga comprada com a prefeitura, sobraram poucos argumentos para os que defendiam o alvinegro na disputa com a parceira.
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