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Erro em troca e ameaça de rescisão. Em 120 horas Enderson selou queda

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06/03/2015 06h00

Em 120 horas, a saída de Enderson Moreira do Santos se tornou inevitável. O cheiro de fritura estava no ar havia pelo menos uma semana, mas o fogo começou a aumentar drasticamente no domingo, durante a partida contra o Linense.

Contra o clube de Lins, Enderson fez uma substituição bastante criticada. Tirou Valencia para colocar Elano, quando sua equipe vencia por 3 a 0. A mudança já estava programada por falta de preparo físico do colombiano, mas desarrumou o time. Em quatro minutos o adversário fez dois gols. Então, o técnico trocou Geuvânio por Lucas Otávio para fortalecer o meio de campo _ o Santos venceu por 4 a 2. Para cartolas santistas, corrigir a mudança foi a confissão de um erro primário.

Conselheiros que já não gostavam de Enderson dispararam as cornetas. E começou a se falar na cidade no nome de Dorival Júnior. Mas faltava um fato que justificasse a demissão do técnico de um time que venceu os últimos três jogos, está invicto no Campeonato Paulista e lidera seu grupo.

Nas horas seguintes, como num acidente na cozinha, o treinador aumentaria a chama que o queimaria de vez. Na terça-feira, concedeu entrevista criticando jogadores da base santista. Disse, entre outras coisas, que alguns se acham mais do que são. Assim, cometeu um pecado mortal no Santos: criticou os meninos da Vila.

Aliados do presidente Modesto Roma Júnior queriam que o presidente agisse de maneira dura a fim de fazer o que chamam de proteger o patrimônio santista. No lugar de apagar o incêndio, queriam jogar gasolina.

No final da manhã desta quinta, o cartola foi ao CT disposto a enquadrar o técnico. Justamente quando Enderson complicara ainda mais sua situação ao agir de maneira ríspida com atletas no treinamento. Alguns deles se queixaram imediatamente para a cartolagem, aumentando a tensão..

O golpe final, porém, foi dado quando o treinador mudou o caminho da conversa sobre suas atitudes polêmicas. Após falar sobre remunerações atrasadas perguntou, segundo dirigente do clube, se teria que pagar multa caso pedisse demissão. Foi a senha para Modesto encaminhar a rescisão. Era o ponto final numa sucessão de acontecimentos que transformaram em desempregado um treinador que vinha colecionando bons resultados no Estadual.

De quebra, os cartolas se livraram de um técnico que nunca foi o preferido da atual direção. E acalmaram os conselheiros eternos protetores das categorias de base do clube.

O blog não conseguiu os contatos do treinador para falar sobre o assunto. Já o presidente santista não atendeu às ligações.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.