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Aidar agora é cobrado para pressionar publicamente Muricy e atletas do SPFC

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27/03/2015 08h02

Em janeiro, Carlos Miguel Aidar cobrou publicamente Muricy Ramalho ao dizer que montou o time pedido pelo técnico. Logo, ele tinha a obrigação de retribuir com um título. Imediatamente, o presidente do São Paulo foi aconselhado por seus diretores a não expor o treinador. Agora, dois meses depois, o dirigente é pressionado a fazer justamente o que queria no começo do ano: cobrar a comissão técnica e os jogadores sem dó, em praça pública.

Dois cartolas afinados com Aidar e que pediram para não serem identificados disseram ao blog que nos últimos anos o CT da Barra Funda, onde treina o time profissional, virou uma ilha cercada de mimos. Nela ninguém pode interferir. Isso teria deixado elenco e comissão técnica acomodados.

Essa corrente é contra a blindagem armada para o time por Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol. E defende até que as torcidas organizadas tenham o direto de protestar no centro de treinamento. Seria uma forma de fazer a equipe se mexer.

A dupla que conversou com o blog acha que demitir isoladamente Muricy Ramalho agora não resolveria. Defende que Aidar derrube a proteção ao time e que promova profundas mudanças após a Libertadores.

Essa limpa atingiria não só comissão técnica e elenco, mas também o comando do futebol tricolor. Gustavo Vieira de Oliveira, gerente de futebol e filho do ex-jogador Sócrates, é visto como uma das peças que não funcionam na tal confortável ilha da Barra Funda. A crítica contra ele é de não ter perfil boleiro, por isso não sabe cobrar os jogadores quando necessário e nem fazer a ligação entre eles e o técnico. Também não consegue alimentar a cúpula do clube com informações sobre o que acontece no time. Nesse cenário, Ataíde fica sobrecarregado e sofre desgaste público, de acordo com a análise dos dois cartolas. O blog não conseguiu ouvir Gustavo e Ataíde.

Um dos exemplos citados para demonstrar os efeitos da suposta falta de cobrança é Rogério Ceni, que falhou na reposição de bola e no posicionamento no golaço de Robinho na derrota para o Palmeiras na última quarta. Ceni ouviu da diretoria que jogaria até quando quisesse pelo clube. Assim, reforçou seu status de titular intocável e não estaria reconhecendo sua queda de rendimento no final de carreira.

O jogo vencido pelo alviverde por 3 a 0 aumentou os pedidos para que a equipe fosse mais cobrada. E o vice de futebol são-paulino agiu nessa direção indo ao CT para pressionar o time. "Chegou o momento em que a cobrança será dura, incisiva, em cada jogador", afirmou Ataíde em entrevista.

Porém, o que mais espelha o sentimento dos descontentes é a manchete estampada no site oficial do São Paulo sobre as medidas após o tombo no Allianz Parque: "Cobrança para motivar o time".

A medida anunciada por Ataíde foi considerada branda pelos dois cartolas ouvidos pelo blog. No entanto, ambos querem esperar o resultado do pito dado pelo dirigente para saber se ele conseguiu tirar o time do que chamam de zona de conforto.

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.