Topo

Perrone

Por que o Corinthians barateou seus camarotes? Diretor explica

Perrone

18/04/2015 08h10

Em entrevista ao blog, o diretor de marketing do Corinthians, Marcelo Passos, explicou os motivos para o clube cobrar menos do que planejava pelos camarotes de sua arena. Contou também que só em um dia vendeu 20 desses espaços. Falou ainda das dificuldades para negociar os naming rights do estádio, da busca por mais patrocínios na camisa e da operação para manter Guerrero. Confira abaixo.

Como foi o evento para a comercialização dos camarotes antes do jogo com o San Lorenzo?

Do ponto de vista de frequentadores, foi uma surpresa. Esperávamos 500 pessoas, foram 900.

Quantos camarotes foram vendidos?

Como começaram a sair algumas notas na imprensa, muita gente ligou no dia do evento, de manhã e à tarde. Então, só durante o dia foram negociados 12. À noite, foram mais oito. De 89, foram negociados 20. É um número muito bom. Não podemos deixar de comemorar, mas também não podemos criar uma expectativa muito alta porque tinha muita gente com a expetativa reprimida em relação a ter um camarote. Essas pessoas fecharam rapidamente o negócio, mas não temos como saber com qual velocidade vamos negociar os demais.

Quanto o clube já arrecadou com esses 20 camarotes?

Não posso dizer porque não estou com os dados aqui.

Enquanto estava no projeto, Luis Paulo Rosenberg (ex-vice-presidente do Corinthians) planejava alugar os camarotes por R$ 500 mil anuais. Vocês estão negociando por preços que variam entre R$ 340 mil e um pouco menos de R$ 500 mil. Por que reduziram os preços?

Os preços vão até R$ 470 mil, acho. Não sei como o Rosenberg chegou nesse número (R$ 500 mil), mas é o mercado que regula o preço. Procuramos fazer um negócio confortável para o clube e para quem adquire o camarote. Percebemos que o cara faz conta e vê que vale a pena. Eu poderia colocar a R$ 500 mil, ter dificuldades para vender, acabar dando desconto e depreciar o produto. A gente prefere sair com um preço mais firme, regulado.

Mas o clube vai arrecadar menos do que projetado. Isso não dificultará o pagamento da obra?

Não, estou trabalhando dentro dos valores que o pessoal que cuida da arena me passou que eram viáveis.

Entre os projetos do Rosenberg estavam a venda de pacotes para a temporada inteira e o direito de o torcedor revender o ingresso que não for usar por meio do clube. Isso foi abandonado?

Não. Vamos fazer as duas coisas, mas numa segunda etapa. Ainda não sabemos quando.

Vocês reduziram o preço dos naming rights também?

Vou ser direto e reto: não acho caro o que pedimos. Não acho caro também o que pedimos para o patrocínio na manga: R$ 10 milhões por ano. Nossa manga vale isso, assim como a do Santos vale o que eles pedem, e a do São Paulo também. O momento econômico é complicado, todo mundo está assustado com uma possível recessão. As empresas estão segurando investimentos. Pra pegar R$ 400 milhões, R$ 500 milhões no naming rights fica difícil. O valor é alto, o prazo de duração do contrato é longo e poucos executivos têm autonomia para assinar um contrato desses nesse momento. Não podemos ter pressa para fechar. Se abaixarmos o preço para fechar logo podemos depreciar o nosso produto. Também temos que ter calma para nenhum dos lados fazer besteira. Precisamos ser pacientes.

Pelo jeito, a venda dos naming rights do estádio não vai acontecer logo.

Não acho que isso vá acontecer rapidamente. Pra sair mais rápido, só se for com a que o Andrés está negociando faz tempo ( a companhia aérea Emirates). Estamos conversando com mais três empresas, mas acho que não é coisa rápida. E não vou estipular um prazo pra fechar porque seria chute.

E o patrocínio da manga da camisa?

Temos algumas coisas, mas não posso dar detalhes.

Parece que virou obsessão no Corinthians superar o Palmeiras no número de sócios-torcedores. Você se sente pressionado a conseguir isso?

Não me sinto porque o estádio já está cheio, temos 95% de ocupação. Não é uma pressão, é uma oportunidade de aumentar o número de sócios-torcedores. Dê uma olhada nas redes sociais, você vai ver quilos e quilos de torcedores querendo participar mais, ajudar, ter uma experiência perto do time. Pro clube é bacana porque gera mais receita. Superar o Inter, passar o Palmeiras, se distanciar do Santos não enche barriga, então não tem pressão. Precisamos é criar um círculo virtuoso, ter um time forte, gerar mais receitas e manter a equipe forte. Então a pressão é por resultados, para ter um time bom. Agora, como torcedor, eu quero passar o Palmeiras, o Inter, o Benfica, quero ser o número um do mundo. Como diretor de marketing, vejo as coisas de uma maneira técnica.

Você também trabalha para conseguir um patrocinador que garanta a permanência do Guerrero? Acha que ele tem potencial para atrair patrocinadores?

Potencial ele tem. Agora, eu trabalho para o Corinthians. O Guerrero é, podemos dizer, um patrimônio do Corinthians. Só que meu trabalho é primeiro para gerar recursos para saldar a dívida do clube com direitos de imagem dos jogadores. Depois, vai ser para segurar o Guerrero. O Corinthians não vai renovar com o Guerrero antes de pagar as dívidas com os atletas. O presidente [Roberto de Andrade] me pediu para priorizar a venda de patrocínio no ombro e nas mangas da camisa e a reestruturação do Fiel Torcedor. Quando acertarmos com os jogadores, se tiver oportunidade, vou pensar na operação Guerrero.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.