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Santos superou racha entre jovens e experientes para chegar à final

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26/04/2015 06h00


Assim que tomou posse, a atual diretoria do Santos confirmou antigas informações e constatou que precisava "reformar" o vestiário para acabar com uma rachadura no elenco. Parte considerável dos jogadores mais velhos do time não interagia com os mais jovens. Os novatos ficavam sufocados e o distanciamento prejudicava a equipe, de acordo com a análise dos cartolas.

Como um dos veteranos mais distantes dos garotos foi apontado Edu Dracena, justamente o capitão, o cara que sentava com a diretoria para discutir premiações, por exemplo. Leandro Damião, Aranha e Arouca também foram avaliados como integrantes do grupo que pouco se relacionava com a maioria dos Meninos da Vila.

Os comentários sobre o racha duraram por quase toda a temporada passada, mas tanto veteranos como novatos sempre negaram o problema.

A diferença abissal entre os salários dos mais rodados e dos jovens também era maléfica para a equipe, concluíram os novos diretores.  Incomodava os dirigentes, ainda, o fato de ver jogadores ricos se queixarem dos atrasos nos pagamentos, enquanto os moleques em busca de fortuna aguentavam o tranco calados.

Com o diagnóstico em mãos, os cartolas decidiram que precisavam facilitar a saída de alguns veteranos. Além de colaborar para a reunificação, a medida daria algum fôlego financeiro ao clube.

Mas a diretoria acabou precisando fazer pouca força para a saída de boa parte dos veteranos. O primeiro a partir foi Damião, emprestado ao Cruzeiro em dezembro do ano passado, pouco depois de Modesto Roma Júnior ser eleito presidente do Santos, mas antes de ele tomar posse, em janeiro.

No começo de 2015, Dracena, desafeto do ex-lateral Léo, que passou a estagiar no departamento de futebol do clube, fez um acordo negociando os valores atrasados que tinha a receber e se transferiu para o Corinthians. Aranha e Arouca acionaram a Justiça por conta das dívidas, mas retiraram as ações, entraram em acordo com o clube e rumaram o Palmeiras.

Como parte do processo de reunificação do vestiário, a direção alvinegra resgatou Elano. A aposta era de que, além de suas funções em campo, ele abraçaria os mais novos. A missão foi dividida com Renato e Robinho, que já estavam no elenco e não faziam parte do grupo que pouco convivia com os jovens.

Quando a correção de rota parecia ter sido feita, outra turbulência provocou sérias rachaduras no Santos. O treinador Enderson Moreira fez críticas aos Meninos da Vila e passou a enfrentar um processo de fritura.

Um dos criticados foi Gabriel. Depois de um treino em que foi ríspido com alguns atletas, o técnico entrou em acordo com a diretoria e deixou o clube. Porém, treinador e direção negaram que o problema era o relacionamento dele com os jovens.

De novo, a falta de dinheiro colaborou. Para não gastar uma fortuna com um substituto, a cúpula santista optou por efetivar o auxiliar Marcelo Fernandes no cargo. Serginho Chulapa ganhou espaço como um ativo assistente.

Na opinião dos cartolas, a dupla ajudou na união do elenco por conhecer bem o clube e ter identificação tanto com veteranos como com novatos.

Funcionou, mas de repente a luz amarela piscou de novo. Dirigentes temeram que Edinho, filho de Pelé e que também estava na comissão técnica, pudesse ter ficado descontente por não ter sido o escolhido para treinar o time. Avaliaram que o diálogo entre ele e Fernandes não era como desejavam. No momento em que coçavam a cabeça, Rivaldo apareceu, levando Edinho para treinar o Mogi Mirim. E o Santos seguiu seu caminho até a final do Paulista.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.