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Acerto com pai de Neymar pressiona técnico do Santos

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18/05/2015 09h37

Marcelo Fernandes conquistou o título paulista em seu primeiro trabalho como treinador e, em seguida, obteve um empate e uma vitória no início do Brasileirão. Mas a situação do técnico do Santos não é tão confortável como poderia, apesar de ele não correr risco imediato de demissão.

O problema é o contrato assinado pelo treinador para que o pai de Neymar gerencie sua carreira. Santos e Neymar pai estão em pé de guerra por causa da transferência do jogador para o Barcelona. Conselheiros e dirigentes não engolem o fato de a empresa de Neymar pai ter faturado 40 milhões de euros na negociação, principalmente por causa de um adiantamento de 10 milhões de euros. O clube foi à Justiça para tentar ter acesso aos documentos da transação. Desde então, o pai do craque não é visto com bons olhos pelos cartolas santistas.

Assim, o acordo de Fernandes com o empresário gerou reclamações de conselheiros. Parte do grupo que apoiou sua efetivação como treinador se revoltou por entender que ele não deveria se aproximar de um desafeto do clube.

A direção do Santos sabe que não tem o direito de interferir nas decisões pessoais do técnico. Mas está preocupada. Avalia que a paciência com o treinador por parte dos que não gostam de Neymar pai será menor. Ou seja, em caso de uma sequência de resultados negativos a pressão pela troca de técnico será maior do que seria.

Nesse cenário, ficou prejudicado o plano inicial de manter Fernandes como membro permanente da comissão técnica do clube caso o Santos decida contratar outro treinador. Os conselheiros descontentes exerceriam uma pressão insustentável pela demissão do cliente de Neymar pai.

Internamente, diretores se queixam ainda de que o técnico poderia ter consultado a cúpula santista antes de selar o acordo. Ele não receberia um pedido para desistir do negócio, mas ouviria sobre os efeitos colaterais de sua decisão.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.