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Ouvir Ceni e fazer Ganso evoluir. O 'manual' para Osorio sobreviver no SPFC

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27/05/2015 06h00

Se clube de futebol tivesse manual de instrução, o colombiano Juan Carlos Osorio receberia um semelhante a este elaborado pelo blog, mas em espanhol, claro. São oito "instruções" que mostram onde o novo técnico do São Paulo está pisando. Veja abaixo.

 

1 – Jamais atender a um telefonema ou se encontrar com Juvenal Juvêncio e/ou seus aliados políticos. A aproximação de quem trabalha no futebol são-paulino com o desafeto do presidente Carlos Miguel Aidar provoca curto-circuito imediatamente.

2 – Jamais dar de ombros para análises sobre o time feitas por Rogério Ceni ou tentar impedir que ele dê palestras aos demais jogadores. Em caso de dúvida, telefonar para Ney Franco, técnico que teve um atrito com o goleiro e após ser demitido, em 2013, criticou o ex-comandado. Isso apesar de a demissão só acontecer cerca de sete meses depois da divergência por conta de uma substituição recomendada pelo goleiro e ignorada pelo técnico. Não significa que Ceni tenha pedido a cabeça de Ney, mas trombar com o principal ídolo da torcida não é saudável para nenhum treinador.

3 – Jamais usar métodos de treinamento e sistemas táticos semelhantes aos adotados pela maioria dos treinadores brasileiros. A cúpula são-paulina entende que os técnicos nacionais estão defasados e são quase todos iguais no trabalho. Assim, escolheu um estrangeiro para trazer novidades. Se Osório trabalhar como os colegas daqui, correrá sério risco de diminuir sua 'vida útil' no clube.

4 – Jamais passar a mão na cabeça de jogadores que cometam atos de indisciplina ou paparicar atletas. Aidar foi aconselhado por diretores a contratar um treinador com pulso firme.

5 – Jamais desistir de fazer com que Paulo Henrique Ganso tenha ótimas atuações com frequência. A diretoria sonha em ver o meia brilhar, levar o time a grandes conquistas e ser vendido por uma fortuna para a Europa.

6 – Jamais deixar de se informar sobre as categorias de base do clube e de dar oportunidade aos jogadores formados em casa. Desde que assumiu a presidência, Aidar tem como uma de suas metas aumentar a integração entre os CTs de Cotia, onde treinam os garotos, e o centro de treinamento da Barra Funda.

7 – Jamais criticar a estrutura do CT da Barra Funda ou pedir para o time fazer períodos de treinamento em outras cidades. O local é motivo de orgulho para os cartolas.

8 – Jamais cobrar publicamente atrasos em seus pagamentos, se eles acontecerem. O clube tem atrasado com frequência direitos de imagem dos atletas e desaprova as cobranças em público.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.