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Receoso, Del Nero já tem tese de defesa

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03/06/2015 07h35

Em reunião com presidentes de federações estaduais nesta terça, Marco Polo Del Nero foi veemente ao afirmar que não faz parte do esquema de propinas na CBF denunciado pelo FBI. Em seguida, fez uma explanação sobre leis americanas. Disse que, de acordo com a legislação dos Estados Unidos, uma pessoa pode ser incriminada se outras duas forem flagradas combinando um ato criminoso e citarem o nome dela. Mesmo sem outras provas.

Isso seria uma explicação para o caso do nome do presidente da CBF aparecer nas investigações. Del Nero não é citado nos documentos revelados pela Justiça americana. Mas um dos dirigentes envolvidos tem credenciais que batem com as suas: membro do alto escalão da Fifa, da Conmebol e da CBF.

Walter Feldman, secretário-geral da confederação brasileira, confirmou ao blog o teor da conversa de Del Nero com presidentes de federações. No entanto, negou se tratar de uma justificativa antecipada.

"Ele não fez nada de errado, por isso não justificou nada. O que acontece é que a imprensa começou a falar que o Del Nero está envolvido. Ele não estava entendendo essa história de coconspirador (como é definido o suspeito que tem cargos semelhantes ao do cartola). Então, procurou um advogado especialista em leis americanas", disse Feldman.

Continuou o secretário: "Segundo a orientação do advogado, se existe uma conversa sobre um crime entre duas pessoas e elas citam outra, essa terceira já é incluída no ato criminoso. Só isso já basta (para ela ser chamada de coconspiradora)".

Feldman participou da reunião, que teve a presença de cerca de 18 presidentes de federações. No encontro, Del Nero também afirmou esperar que José Maria Marin, antecessor dele no cargo, consiga provar sua inocência, porém não fez uma defesa do ex-parceiro.

Chamou a atenção dos presentes a frieza com que ele falou de Marin, preso na Suíça, banido provisoriamente pela Fifa e do cargo de vice-presidente da CBF, além de ter seu nome retirado do prédio da entidade.

"É complicado colocar a mão no fogo por alguém", disse Feldman sobre a maneira com que Del Nero se referiu ao ex-presidente.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.