Topo

Perrone

Marin disse a advogados que fez 'pegadinha' com Hawilla ao falar de propina

Perrone

20/07/2015 08h54

A defesa de José Maria Marin, preso na Suíça, sustenta que o ex-dirigente fazia uma espécie de pegadinha com J.Hawilla quando teve declarações suspeitas gravadas pelo FBI. A intenção do ex-presidente da CBF seria dar corda para o empresário com o objetivo de entender o que estava acontecendo, saber como funcionavam as coisas na confederação.

Hawilla, réu confesso no processo que investiga corrupção no futebol mundial, virou colaborador do FBI e estava conscientemente grampeado quando teve uma conversa incriminadora com então presidente da Confederação Brasileira. O empresário indagou se era necessário continuar pagando propinas para o antecessor de Marin na CBF, Ricardo Teixeira. De acordo com o relatório sobre as investigações, José Maria respondeu: "Está na hora de (o dinheiro) vir na nossa direção. Verdade ou não?".

Para seus advogados, Marin disse que não quis ajuda de ninguém e decidiu resolver sozinho problemas com Hawilla. Foi para a reunião disposto a falar o que fosse preciso para ouvir revelações de seu interlocutor. E que não contava que estivesse sendo ouvido também pelo FBI.

Na tentativa de comprovar essa tese, a defesa de Marin sustenta que contratos discutidos naquele dia foram rescindidos.

A argumentação também é de que, se havia um esquema de corrupção na CBF, Marin não era o cabeça. Ficou cerca de três anos na presidência, pouco perto dos 23 anos de Teixeira no trono. Por essa linha de raciocínio, se existe uma engrenagem de corrupção funcionando há décadas na CBF, o cartola preso na Suíça não pode ser considerado um dos principais responsáveis por ela.

Também nas conversas com seus defensores, Marin disse que talvez não teria assinado alguns contratos se tivesse lido melhor e que está disposto a pagar para o fisco americano o que as autoridades locais acreditam que ele deve. Só não pode ouvir falar em ficar numa cadeia norte-americana.

Entre os dias 3 e 6 de agosto a Justiça suíça deve decidir se aceita o pedido de extradição do cartola feito pelos Estados Unidos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.