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Clubes cogitam executivo da Globo para dirigir uma Liga amiga da CBF

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03/08/2015 10h31

Os principais clubes do país querem diminuir o poder da CBF em relação ao Campeonato Brasileiro, mas não entram em consenso sobre como fazer isso.

O plano mais forte no momento é compartilhar a organização da competição com a confederação por meio de uma Liga ou uma associação dos times. A nova entidade agiria em sintonia com a CBF.

Nesse cenário, os clubes cuidariam principalmente da parte comercial do Brasileirão, como a venda dos direitos de TV, que voltaria a ser feita em bloco, método usado na época do Clube dos 13, não individualmente, modelo adotado hoje. A tabela seria elaborada por um executivo em conjunto com a emissora de televisão que transmitir os jogos. Outros assuntos técnicos, como a escalação de árbitros, ficariam sob a batuta da confederação.

Esse formato tem até um executivo cotado para tocar a Liga: Marcelo Campos Pinto, alto funcionário da Globo, desde que ele deixe seu cargo na emissora.

Mas há também um grupo menor e mais radical que defende a criação da Liga de forma totalmente independente da confederação.

"É certo que a CBF precisa dividir o poder com os clubes. Mas romper com ela não é o caminho. Criar uma Liga dentro da confederação é impossível. Então, acho que a solução é fundar uma associação de clubes. Ela discutiria a venda de direitos de transmissão pelos clubes, de maneira colegiada", disse Modesto Roma Júnior, presidente do Santos.

"Não temos como organizar um campeonato agora. Então, precisamos primeiro buscar a união. Depois, podemos fazer uma liga branda, um modelo híbrido de gestão junto com a CBF. Isso iria evoluindo até a criação da Liga Nacional", afirmou Júlio Casares, vice-presidente do São Paulo.

Uma demonstração de que a unidade pregada pelo são-paulino não será alcançada facilmente é o fato de o Cruzeiro afirmar que ainda nem foi chamado para debater a criação da Liga, ideia que tem Flamengo e Atlético-PR entre seus líderes.

"Não ouvi nada sobre isso, ninguém me procurou, não participei de nenhuma reunião", declarou Gilvan de Pinho Tavares, presidente cruzeirense.

Independentemente do sistema a ser adotado, a maioria dos clubes entende que Marco Polo Del Nero está fragilizado por causa das investigações do FBI sobre supostos casos de corrupção no futebol e que atingem cartolas brasileiros. Assim, consideram o momento ideal para cobrar o aumento do poder dos times nas decisões sobre o Brasileirão.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.