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Marin fez 'trabalho voluntário' para ajudar companheiro de cela

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24/08/2015 09h33

Na CBF, José Maria Marin tinha até um secretário para carregar sua pasta, mordomia herdada de Ricardo Teixeira. Já na prisão na Suíça, sem muitas alternativas para passar o tempo, o cartola se dispôs até a uma espécie de trabalho voluntário para ajudar seu companheiro de cela.

Por pelo menos duas manhãs, o ex-presidente da CBF gastou o tempo ajudando o amigo, um europeu, a etiquetar centenas de cartões. Marin não ganhou benefícios pela colaboração. Ele se ofereceu para ajudar porque ficou impressionado com a quantidade de cartões que o companheiro tinha para colar etiquetas. E também porque precisa dar um jeito de fazer o tempo passar.

As opções do cartola têm sido estudar o processo no qual é acusado pela Justiça americana de envolvimento num esquema de propinas na venda de direitos de transmissão de jogos pela TV. Outra distração é ler clássicos da literatura brasileira oferecidos pela direção da prisão.

Marin aguarda a decisão da Suíça sobre se será extraditado para os Estados Unidos, que deve sair só em setembro. Tem gastado a maior parte das visitas de seus advogados com questões técnicas. Num dos poucos assuntos fora desse tema, perguntou sobre os senadores da CPI do futebol quererem ir até a Suíça para falar com ele. Ouviu que sua defesa declarou publicamente que ele não quer falar agora e que existe um longo caminho burocrático para os senadores conseguirem autorização do governo Suíço para terem acesso a ele.

Marin não quer passar pelo constrangimento de receber senadores na cadeia. E seus advogados temem declarações que possam prejudicar a defesa.

O cartola também quis saber da situação política no Brasil. Mas os advogados preferiram blindar o cliente. Não contaram sobre os protestos nas ruas e nem a respeito dos avanços da operação Lava Jato. Entendem que informações sobre o que acontece fora da cadeia podem deprimir o preso.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.