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Opinião: São Paulo deveria entregar faixas ao Corinthians

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22/11/2015 10h56

Indagado sobre o assunto, o são-paulino Alan Kardec disse que não tinha a mínima vontade de entregar a faixa de campeão brasileiro ao Corinthians neste domingo. Afirmou que se sentiria incomodado.

Não só Kardec, mas o time inteiro do São Paulo não deveria sentir incômodo com uma eventual entrega de faixas ao rival. Pelo contrário. O ideal seria encarar com naturalidade. Afinal, no esporte não é natural lutadores se esmurrarem e se abraçarem ao fim do combate? Quem já assistiu a partidas de rúgbi sabe o respeito com que jogadores e árbitros se relacionam num esporte extremamente truculento, mas que é famoso por confraternizações entre os adversários após os jogos. No tênis, com raras demonstrações de falta de educação, vencido e vencedor não se cumprimentam no meio da quadra?

"Ah, mas a plateia no tênis tem um comportamento diferente, a do futebol não aceitaria gesto tão nobre", você pode dizer. Esse é um ponto importante. Num momento em que aumentam as estúpidas mortes de torcedores, deveria existir de dentro para fora do campo um movimento a fim de trazer para o futebol um pouquinho de respeito pelo adversário, uma dose de convivência harmoniosa.

Os jogadores são personagens fundamentais para uma transformação. Mas quando têm uma boa oportunidade se comportam como torcedores, revelando uma dupla personalidade. No momento em que recebem propostas de rivais, como o ex-palmeirense Kardec recebeu do São Paulo, são profissionais. Mas para reconhecer o mérito do adversário campeão e ter um gesto cavalheiresco são torcedores ogros.

Não dá para entender como jogadores e dirigentes não entendem que o futebol precisa de mais espírito esportivo e menos espírito de porco.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.