Topo

Perrone

Chance de Libertadores mostra o que São Paulo poderia fazer sem bagunça

Perrone

29/11/2015 10h51

O fato de o São Paulo chegar à última rodada do Brasileiro na quarta posição, que dá vaga na Libertadores, mostra o quanto o clube foi judiado por seus dirigentes. A situação reflete também a fragilidade dos concorrentes do time tricolor.

Já pensou o que o São Paulo poderia ter feito no campeonato se não vivesse a bagunça administrativa que viveu em 2015?

A antiga diretoria fritou Muricy Ramalho, que deixou o cargo alegando problemas de saúde às vésperas do início do campeonato. Foi o primeiro golpe na preparação.

Em seguida, os cartolas demoraram para definir o substituto, negociaram com técnicos de perfis diferentes, mostrando falta de planejamento e gerando instabilidade entre os jogadores.

Ao contratar um novo treinador, a direção não estipulou uma multa rescisória para Juan Carlos Osorio, o que permitiu sua saída para a seleção mexicana, após um tumultuado relacionamento com os cartolas no qual sobraram trocas de farpas.

Com a saída do colombiano, de novo, o elenco ficou à deriva até que veio Doriva, que chegou com uma filosofia de trabalho completamente diferente da de seu antecessor. Foi um convite para o elenco entrar em parafuso. O vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, também saiu depois de agredir o então presidente Carlos Miguel Aidar.

E a bagunça continuou com a renúncia de Aidar, a volta de Ataíde e a surpreendente demissão de Doriva, ordenada pelo novo presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva.

Depois de tudo isso, o Corinthians tatuou na história são-paulina a humilhante goleada por 6 a 1. O vexame parecia que seria último retrato do São Paulo no Brasileiro, o símbolo do caos administrativo.

Mas a dramática vitória por 3 a 2 no Morumbi sobre o Figueirense, que luta contra o rebaixamento, fará o São Paulo chegar na última rodada, contra o Goiás, fora de casa, com dois pontos de vantagem sobre o Internacional na briga pela vaga na Libertadores. Os gaúchos recebem o Cruzeiro.

É incrível olhar para a tabela e notar que, apesar de toda a confusão no São Paulo, só Corinthians, Atlético-MG e Grêmio superaram o tricolor até aqui. Prova também dos erros de rivais que poderiam ter feito mais, como Internacional, Cruzeiro e Palmeiras.

Em tese, se apenas uma das trapalhadas da diretoria não tivesse sido feita, a má condução na relação com Osório, o São Paulo poderia ter brigado pelo vice-campeonato, já que é difícil imaginar que algum clube pudesse bater o Corinthians. Um contrato com multa e uma vida mais tranquila no Morumbi poderiam ter feito Osório ficar. Mais do que ter uma campanha melhor no Brasileirão, a permanência do colombiano significaria a esperança de uma temporada mais promissora em 2016. O São Paulo não começaria o ano no cenário de terra arrasada que vai começar. Ou seja, a bagunça em 2015 já ameaça o início da próxima temporada do clube.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.