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Como dívida por Damião pode dar prejuízo ao Santos em negócio de Lucas Lima

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04/02/2016 12h29

Em 15 de janeiro de 2015, a Doyen Sports assinou um contrato no qual se comprometia a emprestar 600 mil euros, sem juros, para o Santos pagar salários e FGTS referentes a Leandro Damião. O objetivo era impedir que ele conseguisse se desligar do clube na Justiça por conta das remunerações atrasadas.

Um dia depois da assinatura do documento, a empresa enviou o dinheiro prometido para o clube. Não adiantou. O débito não foi totalmente quitado e o atacante conseguiu se desligar do alvinegro sem nada pagar, até a situação ser definitivamente resolvida na Justiça. Só recentemente clube e jogador chegaram a um acordo.

Como legado, o empréstimo pode fazer o Santos perder uma participação de 20% que teria no lucro obtido pela Doyen numa eventual venda de Lucas Lima. Acontece que o alvinegro deu como garantia do empréstimo seu direito de faturar essa porcentagem, caso Lucas Lima fosse negociado. Se o pagamento não fosse feito até 31 de agosto, a participação santista no lucro ficaria cancelada. E a partir de 15 de julho teria que pagar juros de 12% ao ano.  O alvinegro tem ainda 10% dos direitos econômicos de Lucas Lima que não são afetados pelo empréstimo.

O blog apurou que o empréstimo faz parte da ação que corre em segredo de Justiça e na qual a Doyen cobra do clube uma série de dívidas que alega existir.

Procurado para falar sobre o caso, José Ricardo Tremura, gerente jurídico do Santos, não atendeu aos telefonemas do blog.

Quem deu explicações foi Raphael Vita, membro do Comitê de Gestão santista, que não ocupava o cargo quando o empréstimo foi feito, mas conhece o assunto. "Não é que o Santos recebeu o dinheiro para pagar o Damião e não pagou. Acontece que quando o dinheiro entrou na conta do Santos, o jogador já tinha entrado com a ação. Então, pagar os salários não mudaria nada, não nos livraria do risco de perder o atleta. O clube optou por pagar o FGTS, também por causa dos juros. E não dava para pagar totalmente as duas dívidas", afirmou Vita.

Porém, quando o contrato de empréstimo foi feito Damião já tinha acionado a Justiça. Pelo acordo, o dinheiro tinha que ser usado especificamente para o pagamento de salários e depósitos de FGTS do atacante.

Sobre o risco de o clube perder a participação no lucro da Doyen em caso de venda de Lucas Lima, Vita disse que tem a informação do departamento jurídico do Santos que o empréstimo não envolveu direitos relativos a outros jogadores. Mas documento obtido pelo blog confirma a existência da garantia. Indagado se o empréstimo foi pago, ele disse que toda a questão com a Doyen está sendo discutida na Justiça e que, por isso, não pode dar detalhes.

Abaixo, confira os documentos referentes ao empréstimo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.