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Após Abilio doar dinheiro, Independente repete cobranças dele a Leco

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27/04/2016 06h00

Com Pedro Lopes, do UOL, em São Paulo

Antes do Carnaval de 2016, Abílio Diniz doou dinheiro para a Independente, principal torcida organizada do clube e escola de samba. A doação foi confirmada por assessor do empresário ao ser indagado pelo blog sobre o assunto.

"A assessoria de imprensa de Abilio Diniz informa que o empresário fez pequena contribuição à Independente após solicitação de ajuda da torcida para seu galpão de Carnaval", diz o comunicado enviado por-email. O valor e a data exata não foram revelados. Porém, membro da Independente que pediu para não ser identificado afirmou que a contribuição aconteceu no início deste ano.

Em contato telefônico com o blog, Henrique Gomes, o Baby, presidente da Independente, primeiro negou que tenha existido a doação. Ao ser informado que Abilio confirmara a contribuição, disse que houve uma ajuda à torcida, mas não relacionada ao Carnaval. Só que rapidamente voltou a negar com veemência que a Independente tenha recebido dinheiro de Abilio tanto para a escola de samba como para a torcida, que possuem CNPJs diferentes.

"Não envolva a Independente nisso porque não é verdade. Não recebemos nenhuma doação do Abilio. Estão brigando dentro do São Paulo e ficam usando o nosso nome, mas a torcida não é marionete de ninguém. Não queremos saber de Leco (presidente do clube), de Abilio e nem de (Carlos Miguel) Aidar (ex-presidente)", disse Baby.

Diniz é consultor do Conselho Consultivo do São Paulo, trabalhou pela saída de Aidar, que renunciou, e apoiou a candidatura de Leco. Logo depois da eleição passou a divergir do presidente e virou o opositor. A demora do cartola em tirar Ataide Gil Guerreiro da vice-presidência de futebol, a manutenção de Gustavo Vieira de Oliveira como dirigente remunerado e o afastamento de Milton Cruz do cargo de auxiliar técnico para atuar com análise de desempenho até ser demitido estão entre os motivos que fizeram Abilio entrar em rota de colisão com Leco.

Algumas das bandeiras do empresário também foram levantadas pela Independente, que gritou o nome de Milton Cruz, além de criticar Ataíde e Gustavo, dupla que para Diniz entende pouco de futebol e nada de gestão, como ele escreveu em seu blog no UOL.

"O que fizemos não tem nada a ver com o Abilio. O Milton Cruz, por exemplo, nós entendemos que, quando o (Edgardo) Bauza chegou, ele era a única pessoa que poderia orientar o técnico. Por isso, queríamos a presença dele, mas não estava nem aí se ele seria demitido. A Independente não se envolve na política do São Paulo", disse Baby.

Em 17 de fevereiro, quando a doação de Abilio já tinha sido feita, a torcida protestou após a derrota por 1 a 0 para o The Strongest no Pacaembu pedindo, entre outras reivindicações, a volta de Cruz, amigo do empresário e defendido ferrenhamente por ele, ao cargo antigo. Quatro dias depois, a Independente fez uma manifestação no Pacaembu, antes do jogo contra o Rio Claro, na qual foi exibida faixa com os dizeres: "o único salário que não atrasa é o seu, Gustavo, R$ 120 mil". A torcida também voltou a pedir a saída de Ataíde, algo que já tinha feito em novembro do ano passado, além de criticar jogadores.

No dia 28 de fevereiro, a Independente escreveu em sua conta no twitter: "Abilio Diniz, presidente moral do São Paulo". O empresário não é conselheiro e não pode se candidatar à presidência. Ele afirma não ter esse desejo.

 A assessoria de Abilio não comentou o fato de a torcida apoiar ideias semelhantes às do empresário, após receber a doação.

Vale lembrar que recentemente Leco disse à "Folha de S.Paulo", colaborar com a Independente.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.