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Diretor do SPFC faz as contas e afirma: 'Compra de Maicon não foi loucura'

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30/06/2016 06h00

Maicon em ação contra o Fluminense (Crédito: Rubens Cavallari/Folhapress)

Maicon em ação contra o Fluminense (Crédito: Rubens Cavallari/Folhapress)

Três meses após aprovar seu balanço financeiro com um déficit de cerca de R$ 73 milhões em 2015, o São Paulo anunciou na última terça-feira a segunda contratação mais cara de sua história. Vai desembolsar R$ 21.625.200 pela cotação do dólar desta quarta para ficar com Maicon, além de ceder parte dos direitos econômicos de Lucão e Inácio, que devem jogar no Porto. O investimento milionário fez ecoar no Morumbi a pergunta: gastar tanto dinheiro num só jogador não é uma loucura para quem andava economizando cada centavo?

Para responder a questão que aflige conselheiros tricolores, o diretor financeiro Adilson Alves Martins dispara números com a velocidade de uma metralhadora. E assegura: "não fizemos loucura".

Primeiro, ele explica o acordo que tem com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva. "Basicamente, o combinado é que, se houver um estouro por causa de alguma contratação, vamos vender alguém para compensar ou emprestar jogadores para reduzir as despesas", disse o diretor financeiro.

No orçamento do clube para 2016 não está previsto quanto será gasto com contratações, só o valor a ser arrecadado com vendas de jogadores: R$ 24 milhões. Assim, não há um documento que explique certeiramente se a manutenção de Maicon estourou o orçamento.

Mas o diretor financeiro usa fatores como a receita obtida na Libertadores até aqui, novos contratos de patrocínios, saída de jogadores, incluindo dos dois que devem ficar no Porto, parcelamento da compra do zagueiro em três anos, luvas do novo contrato com a Globo e diminuição de juros bancários para justificar que não houve maluquice na compra.

"Não fiz a ainda a conta para saber quanto temos que arrecadar com vendas para cobrir essa compra porque existem muitos elementos envolvidos. A receita da Libertadores, por exemplo. No orçamento, não havia a previsão de chegarmos na semifinal. E podemos ir até a final, pode entrar mais dinheiro e cobrir o investimento feito no Maicon", afirmou Martins.

Segundo ele, o São Paulo já recebeu como prêmio da Conmebol US$ 400 mil por chegar à fase de grupos do torneio sul-americano, US$ 950 mil por passar para as oitavas de final,  US$ 1,2 milhão pelo avanço às quartas e US$ 1,8 milhão pela chegada às semifinais. Ser campeão vale mais US$ 3 milhões. O vice-camepeonato dá direito a US$ 1,5 milhão. Ou seja, se o clube for finalista, só em premiação arrecadará com a Libertadores pelo menos cerca de R$ 18,9 milhões. Em caso de título o valor crescerá para aproximadamente R$ 23,8 milhões. Mas ainda existe a verba obtida com a venda de ingressos para os jogos da competição.

"Outra receita importante que tivemos foram os R$ 57 milhões líquidos que recebemos de luvas pelo contrato com a Globo", declarou Martins. O dinheiro que veio da emissora ajudou o clube a diminuir seu débito com bancos. "Reduzimos a dívida bancária em 50% e economizamos R$ 5 milhões em juros bancários", afirmou ele.

No quebra-cabeça montado pelo cartola para tentar provar que a permanência de Maicon não fere a realidade financeira tricolor, o diretor também coloca a venda de Ewandro para Udinese. Ela vai render mais de R$ 7 milhões ao clube.

Porém, há também outros novos gastos, como os provocados pela chegada de Cueva, que custou US$ 2,5 milhões parcelados. E existem ainda as demais despesas para serem pagas.

"O importante é no final do ano fecharmos as contas, vamos fazendo ajustes conforme as necessidades", concluiu o dirigente.

Em meio a números e projeções, há entre parte dos conselheiros são-paulinos dois sentimentos distintos: a alegria pelo "fico" de Macion e a apreensão de não saber exatamente o que o sacrifício de hoje representará amanhã para o clube.

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Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

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