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Lava-Jato e problemas da arena fazem cartolas temerem por imagem corintiana

Perrone

11/10/2016 09h19

A queda do Corinthians na tabela do Brasileirão e a indefinição sobre o técnico para a próxima temporada já seriam motivos suficientes para preocupação no Parque São Jorge. Porém, a situação do time foi ofuscada nos últimos dias por questões que envolvem o estádio alvinegro e a operação Lava-Jato da Polícia Federal. Conselheiros e membros da diretoria temem que a imagem do clube fique manchada com fatos negativos, além de se instalarem crises política e administrativa. Um dos temores é de que a sequência de notícias ruins para a agremiação faça que em breve o clube tenha dificuldade para encontrar novos patrocinadores, o que agravaria sua situação financeira.

O envolvimento de um dos parceiros do clube na Lava-Jato, a dúvida sobre até que ponto o estádio corintiano pode estar envolvido na operação, as dificuldades para pagar a arena e o processo movido pelo escritório de arquitetura Coutinho, Diegues e Cordeiro, responsável pelo projeto do estádio, para receber R$ 11,1 milhões referentes a empréstimo ao Corinthians e os obstáculos para que uma auditoria verifique se a Odebrecht entregou o estádio como deveria,  estão entre os fatos que fazem os cartolas temerem pela imagem do clube.

"Que negócio da China foi esse a construção do estádio, que enlameou o clube? Falaram que eram amigos do presidente (Lula), que isso e aquilo, mas estamos com o nome enlameado e devendo R$ 1,6 bilhão (da construção da arena). Precisamos promover o resgate ético, moral e financeiro do clube", disse o conselheiro Romeu Tuma Júnior.

Na diretoria há também quem tem o receio de que diretores atuais tenham sua imagem afetada sem terem participado da construção da arena. Por isso, afirmam ter o interesse em uma investigação rigorosa para que, se existirem irregularidades, sempre negadas pelos envolvidos no projeto, os responsáveis sejam conhecidos e reparem eventuais danos à instituição.

O fato de a Odebrecht, responsável pela construção da arena, ser uma das principais atingidas na Lava-Jato, deixou conselheiros corintianos preocupados desde o início das investigações. Porém, o temor de que exista algo irregular aumentou depois de André Luiz Oliveira, o André Negão, vice-presidente do clube, ter sido alvo de uma condução coercitiva sob suspeita de ter recebido propina de R$ 500 mil da construtora. Ele negou o recebimento e também que sua ida à delegacia tenha algo a ver com o Corinthians.

A tensão aumentou após o UOL Esporte mostrar nesta segunda que as empresas Apolo Sports Solutions e Apolo Sports Capital, que fizeram proposta pelos naming rights da arena e compraram espaço nas costas da camisa do clube têm ligação com o português Antônio Manuel de Carvalho Baptista Vieira, réu na Lava-Jato.

Esse tema e os outros problemas ligados à arena roubaram as atenções em reunião de conselheiros nesta segunda no Parque São Jorge para debater mudanças no estatuto alvinegro.

Opositores estudam formas de cobrar os envolvidos nos negócios problemáticos, mas parte dos opositores entende que faltam líderes para organizar a tropa. Assim, temem ver de forma impotente o clube se afogar no mar de fatos negativos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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