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A crise do Santos desde o início

Perrone

18/09/2010 00h34

A reunião de Dorival Júnior com a diretoria do Santos para pedir o afastamento de Neymar por 15 dias foi o desfecho de uma crise que se arrastava havia meses no elenco santista.

O grupo começou a rachar ainda no Campeonato Paulista. Foi quando Paulo Henrique Ganso se recusou a ser substituído pelo treinador. Em público, Dorival elogiou o atleta por sua atitude de querer continuar. Internamente, porém, deu-lhe uma bronca e falou a todos que o episódio não poderia se repetir. A partir de então, os mais jovens passaram a se sentir mais cobrados do que os demais.

A situação piorou com a ordem para que os jogadores solteiros se concentrassem um dia antes dos casados. Só Neymar, Ganso, Madson e André se enquadravam nessa situação. A medida foi encarada por eles como outra cobrança exagerada sobre os jovens e criou de vez um racha entre parte dos mais velhos e os garotos.

De lá para cá, Robinho, que se dava bem praticamente  com todos no grupo, foi embora, Paulo Henrique Ganso se contundiu, e Neymar passou a se sentir isolado. O time já não comemorava seus gols com danças.

Nos últimos dias a situação piorou. Internamente, os mais jovens reclamavam do ex-goleiro Ivan, auxiliar de Dorival e considerado um dos mentores do técnico. A proximidade de Marquinhos com o treinador também incomodava alguns atletas.

As cobranças de Dorival continuaram sendo fortes. Zé Eduardo levou bronca por ter sido visto recentemente numa balada. Segundo cartolas do clube, o treinador faz várias críticas a ele.

Na terça-feira, véspera do jogo em que Neymar se rebelou com o técnico, contra o Atlético-GO, Dorival reuniu o elenco para exigir  melhores resultados. Neymar foi um dos mais cobrados. Quando entrou em campo no dia seguinte, ele já tinha sido avisado pelo treinador que se o Santos tivesse um pênalti a seu favor ele não seria o cobrador.

Depois do jogo, o clima esquentou no vestiário. Segundo um cartola santista, Edu Dracena discutiu rispidamente com Neymar, que foi hostilizado por alguns torcedores na saída da Vila Belmiro.

Dorival exigiu a multa e foi atendido pela diretoria, mas um dia depois pediu o afastamento. Para os cartolas, foi pressionado por pessoas nas quais confia para dar uma demonstração maior de força ao elenco e à opinião pública.

Logo depois da reunião de sexta-feira, em que o técnico exigu os 15 dias de afastamento do atacante, a diretoria explicou a situação ao estafe de Neymar, que reagiu contra a ideia de o clube permitir a saída do técnico.  A demissão do treinador deixaria Neymar sem clima no time, principalmente em relação os jogadores mais velhos. E a cobrança da torcida seria maior sobre ele por ser o responsável pela queda do técnico. O blog não conseguiu localizar o treinador para falar sobre o assunto.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.