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A derrota de Andrés em São Januário

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14/10/2010 01h55

O técnico interino do Corinthians, Fábio Carille, seguiu o manual da diretoria para escalar o time contra o Vasco em São Januário. Para começar, promoveu a volta da dupla formada por William e Chicão na zaga. Adílson Batista foi massacrado pelos cartolas por não ter deixado os dois jogarem juntos ao menos no segundo tempo contra o Atlético-GO. Os dirigentes disseram que foi uma falta de respeito sacar o capitão William para o retorno de Chicão no segundo tempo. Queriam a saída de Tiago Heleno.

Carille também deu ouvidos à diretoria, capitaneada por Andrés Sanchez, ao dar espaço a jogadores revelados nas categorias de base, permitindo as entradas de Boquita e William Moraes durante o jogo.

De nada adiantou atender aos desejos dos cartolas. O time foi derrotado e Fábio desperdiçou a sua primeira chance de provar que pode ficar no comando até o fim do Brasileiro.

Porém, mais do que o interino, perdeu Andres Sanchez. Viu fracassar a sua tese de que o time poderia melhorar de desempenho com pequenas mudanças. A equipe repetiu antigos erros e voltou a sentir a falta de um banco de reservas mais confiável.

Andrés também amargou o fato de descobrir que não é tão fácil encontrar um substituto para Adilson Batista como imaginava. Acreditava que com a ajuda de Ronaldo, Roberto Carlos e Ricardo Teixeira seria moleza convencer Carlos Alberto Parreira aceitar um convite do clube.

Para piorar, o cartola que havia menos de um mês comemorava o centenário corintiano com pose de maior presidente da história, teve de engolir um coro da Gaviões da Fiel com ofensas a ele no fim do jogo. Provavelmente o protesto partiu da ala dissidente da torcida (Movimento Rua São Jorge), mas não deixa de ser um baque para Andrés, que fez um pacto com a organizada e acreditava estar imune às suas queixas.

O quadro negativo para o cartola se completa com as críticas que começa a receber de alguns aliados. Enxergam erros na montagem do time, reclamam do excesso de poder dado a alguns jogadores, do pacto com a torcida, de falhas no comando das categorias de base e da ausência de um diretor de futebol mais atuante do que Mario Gobbi. Enfim, com a conquista do Brasileiro cada vez mais distante, por enquanto, só sobra o projeto do futuro estádio como motivo de comemoração para Andrés em 2010.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.